Muitas pessoas têm
uma visão de que a catequese é feita exclusivamente de “conteúdo”, ou seja,
temas da fé, extraídos do Catecismo ou simplesmente mensagens extraídas das
passagens bíblicas, mas, ela é muito mais que isso. Se quisermos, realmente,
EVANGELIZAR, precisamos levar a instrução da fé a todas as dimensões da vida do
nosso catequizando.
1. Favorecer o conhecimento da fé (Dimensão Conteúdo)
Aquele que encontrou Cristo deseja
conhecê-Lo o mais possível, assim como deseja conhecer o desígnio do Pai, que
Ele revelou. O conhecimento da fé (fides quae) é exigência da adesão à
fé (fides qua). Já na ordem humana, o amor por uma pessoa leva a desejar
conhecê-la sempre mais. A catequese deve levar, portanto, a compreender
progressivamente toda a verdade do projeto divino, introduzindo os discípulos
de Jesus Cristo no conhecimento da Tradição e da Escritura, a qual é a eminente
ciência de Jesus Cristo (Fil 3,8). O aprofundamento no conhecimento da
fé ilumina cristãmente a existência humana, alimenta a vida de fé e habilita
também a prestar razão dela no mundo. A entrega do símbolo, compêndio da
Escritura e da fé da Igreja, exprime a realização desta tarefa.
2. A educação litúrgica (Dimensão Liturgia)
De fato, Cristo está sempre presente em Sua Igreja , sobretudo
nas ações litúrgicas. A comunhão com Jesus Cristo leva a celebrar a sua
presença salvífica nos sacramentos e, particularmente, na Eucaristia. A Igreja
deseja ardentemente que todos os fiéis cristãos sejam levados àquela
participação plena, consciente e ativa, que exigem a própria natureza da
Liturgia e a dignidade do seu sacerdócio batismal. Por isso, a catequese, além
de favorecer o conhecimento do significado da liturgia e dos sacramentos, deve
educar os discípulos de Jesus Cristo à oração, à gratidão, à penitência, à
solicitação confiante, ao sentido comunitário, à linguagem simbólica , uma vez
que tudo isso é necessário, a fim de que exista uma verdadeira vida litúrgica.
3. A formação moral (Intrínseca em
atitudes e exemplos)
A conversão a Jesus Cristo implica o
caminhar na sua sequela. A catequese deve, portanto, transmitir aos discípulos
as atitudes próprias do Mestre. Eles empreendem assim, um caminho de
transformação interior, no qual, participando do mistério pascal do Senhor,
passam do velho para o novo homem aperfeiçoado em Cristo. O Sermão
da Montanha, no qual Jesus retoma o decálogo e o imprime com o espírito das
bem-aventuranças, é uma referência indispensável na formação moral, hoje tão
necessária. A evangelização, que comporta também o anúncio e a proposta moral,
difunde toda a sua força interpeladora quando, juntamente com a palavra
anunciada, sabe oferecer também a palavra vivida. Este testemunho moral, para o
qual a catequese prepara, deve saber mostrar as consequências sociais das
exigências evangélicas.
4. Ensinar a rezar (Dimensão Orante)
A comunhão com Jesus Cristo conduz os
discípulos a assumirem a atitude orante e contemplativa que adotou o Mestre.
Aprender a rezar com Jesus é rezar com os mesmos sentimentos com os quais Ele
se dirigia ao Pai: a adoração, o louvor, o agradecimento, a confiança filial, a
súplica e a contemplação da sua glória. Estes sentimentos se refletem no Pai
Nosso, a oração que Jesus ensinou aos discípulos e que é modelo de toda
oração cristã. A entrega do Pai Nosso, resumo de todo o Evangelho, é,
portanto, verdadeira expressão da realização desta tarefa. Quando a catequese é
permeada por um clima de oração, o aprendizado de toda a vida cristã alcança a
sua profundidade. Este clima se faz particularmente necessário quando o
catecúmeno e os catequizandos encontram-se diante dos aspectos mais exigentes
do Evangelho e se sentem fracos, ou quando descobrem, admirados, a ação de Deus
na sua vida.
No item 86, encontramos outras tarefas
fundamentais da catequese: iniciação e educação à vida comunitária e à missão:
A catequese torna o cristão idôneo a
viver em comunidade e a participar ativamente da vida e da missão da Igreja. O
Concílio Vaticano II aponta a necessidade, para os pastores, de desenvolver
devidamente o espírito de comunidade e para os catecúmenos, de aprender a
cooperar ativamente na evangelização e na edificação da Igreja.
5. A
educação para a vida comunitária (Dimensão Comunitária)
a) A vida cristã em comunidade não se
improvisa e é preciso educar para ela, com cuidado. Para esta aprendizagem, o
ensinamento de Jesus sobre a vida comunitária, narrado pelo Evangelho de
Mateus, requer algumas atitudes que a catequese deverá inculcar: o espírito de simplicidade
e de humildade ( se não vos converterdes e não vos tornardes como as
crianças..., Mt 18,3); a solicitude pelos pequeninos (Caso alguém
escandalize um desses pequeninos que crêem em mim..., Mt 18,6); a
atenção especial para com aqueles que se afastaram ( vai à procura da ovelha
extraviada... , Mt 18,12); a correção fraterna ( ... vai
corrigi-lo a sós, Mt 18,12); a oração em comum (se dois de vós
estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram pedir..., Mt
18,19); o perdão mútuo (até setenta e sete vezes..., Mt 18,22).
O amor fraterno unifica todas estas atitudes: “ Amai-vos uns aos outros como
eu vos amei” (Jo 13,34).
b) Ao educar para este sentido
comunitário, a catequese dará uma especial atenção à dimensão ecumênica, e
encorajará atitudes fraternas para com os membros de outras Igrejas cristãs e
comunidades eclesiais. Por isso, a catequese, ao procurar atingir esta meta,
exporá com clareza toda a doutrina da Igreja Católica, evitando expressões que
possam induzir ao erro. Favorecerá, além disso, um bom conhecimento das outras
confissões, com as quais existem bens comuns, tais como: a Palavra escrita de
Deus, a vida da graça, a fé, a esperança, a caridade e outros dons interiores
do Espírito Santo. A catequese terá uma dimensão ecumênica, na medida em que
saberá suscitar e alimentar um verdadeiro desejo de unidade, feito não em vista
de um fácil irenismo (pacificação), mas em vista da unidade perfeita, quando o
Senhor assim o desejar e através das vias que Ele escolher.
5. A iniciação à missão (Dimensão Missionária)
a) A catequese é igualmente aberta ao
dinamismo missionário. Ela se esforça por habilitar os discípulos de Jesus a se
fazerem presentes, como cristãos, na sociedade e na vida profissional, cultural
e social. Prepara-os também a prestarem a sua cooperação nos diferentes
serviços eclesiais, segundo a vocação de cada um. Este empenho evangelizador
origina-se, para os fiéis leigos, dos sacramentos da iniciação cristã e do
caráter secular de sua vocação. É também importante usar todos os meios disponíveis
para suscitar vocações sacerdotais e de particular consagração a Deus, nas
diversas formas de vida religiosa e apostólica e para acender no coração de
cada um a vocação especial missionária.
As atitudes evangélicas que Jesus
sugeriu aos seus discípulos, quando os iniciou na missão, são aquelas que a
catequese deve alimentar: ir em busca da ovelha perdida; anunciar e curar ao
mesmo tempo; apresentar-se pobres, sem posses nem mochila; saber assumir a
rejeição e a perseguição; pôr a própria confiança no Pai e no amparo do
Espírito Santo; não esperar outra recompensa senão a alegria de trabalhar pelo
Reino.
b) Ao educar para este sentido
missionário, a catequese formará ao diálogo inter-religioso, que pode tornar os
fiéis idôneos a uma comunicação fecunda com os homens e mulheres de outras
religiões. A catequese mostrará que os laços entre a Igreja e as outras
religiões não cristãs são, em primeiro lugar, aqueles da origem comum e do fim
comum do gênero humano, assim como também aqueles das múltiplas sementes da
Palavra, que Deus depôs naquelas religiões. A catequese ajudará também a saber
conciliar e, ao mesmo tempo, a saber distinguir o anúncio de Cristo do diálogo
inter-religioso. Estes dois elementos, embora conservem a sua íntima relação,
não devem ser confundidos nem considerados equivalentes. Com efeito, o diálogo
não dispensa da evangelização.
O item 87 do diretório, faz ainda, algumas considerações
sobre o conjunto destas tarefas:
As tarefas da catequese constituem,
conseqüentemente, um rico e variado conjunto de aspectos. Sobre este conjunto,
é oportuno tecer algumas considerações:
– Todas as tarefas são necessárias.
Assim como para a vitalidade de um organismo humano, é necessário que funcionem
todos os seus órgãos, também para o amadurecimento da vida cristã, é preciso
que sejam cultivadas todas as suas dimensões: o conhecimento da fé, a vida
litúrgica, a formação moral, a oração, a pertença comunitária, o espírito
missionário. Se a catequese transcurar uma dessas dimensões, a fé cristã não
alcançará todo o seu desenvolvimento.
– Cada tarefa, à sua maneira, realiza a
finalidade da catequese. A formação moral, por exemplo, é essencialmente
cristológica e trinitária, plena de senso eclesial e aberta à dimensão social.
O mesmo acontece com a educação litúrgica, essencialmente religiosa e eclesial,
mas também muito exigente no seu empenho evangelizador em favor do mundo.
– As tarefas se implicam mutuamente e
se desenvolvem conjuntamente. Cada grande tema catequético, por exemplo, a
catequese sobre Deus Pai, tem uma dimensão cognoscitiva e implicações morais;
interioriza-se na oração e se assume no testemunho. Uma tarefa chama outra: o
conhecimento da fé torna idôneos à missão; a vida sacramental dá força para a
transformação moral.
– Para realizar as suas tarefas, a catequese
se vale de dois grandes meios: a transmissão da mensagem evangélica e a
experiência da vida cristã. A educação litúrgica, por exemplo, necessita
explicar o que é a liturgia cristã e o que são os sacramentos; porém deve
também fazer experimentar os diversos tipos de celebração, fazer descobrir e
amar os símbolos, o sentido dos gestos corporais, etc... A formação moral não
apenas transmite o conteúdo da moral cristã, mas cultiva também, ativamente, as
atitudes evangélicas e os valores cristãos.
– As diferentes dimensões da fé são
objeto de educação, tanto no seu aspecto de “dom” quanto no seu aspecto de “compromisso”.
O conhecimento da fé, a vida litúrgica e a seqüela de Cristo são, cada uma, um
dom do Espírito, que se recebe na oração e, ao mesmo tempo, um compromisso de
estudo, espiritual, moral e testemunhal. Ambos os aspectos devem ser
cultivados.
– Cada dimensão da fé, assim como a fé
no seu conjunto, deve enraizar-se na experiência humana, sem permanecer na
pessoa como algo de postiço ou de isolado. O conhecimento da fé é
significativo, ilumina toda a existência e dialoga com a cultura; na liturgia,
toda a vida pessoal é uma oferta espiritual; a moral evangélica assume e eleva
os valores humanos; a oração é aberta a todos os problemas pessoais e sociais.
FONTE:
DGC – Diretório Geral para a Catequese – Congregação para o Clero, 1997.
DNC – Diretório Nacional de Catequese – CNBB, 2006.
Nenhum comentário:
Postar um comentário