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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

CELEBRAR A VIDA PARA CELEBRAR A FÉ...


Durante muito tempo na catequese, a LITURGIA, esteve dissociada da nossa realidade.  Explico: Os conteúdos da catequese priorizavam mais a "doutrina" da Igreja. Ou seja, o "ensino" era mais do catecismo do que propriamente da "mensagem" que Jesus deixou com seus ensinamentos. A ideia era que cada um recebesse os sacramentos em um tempo específico, sem, contudo, observar a "conversão" de cada um. Partia-se do pressuposto de que todos nasciam em uma família cristã, logo, sabiam o que se espera deles na Igreja e na vida em comunidade.

Bom, aqui cabe um parêntese: Será que ainda não se pensa assim nos dias de hoje?

A partir do Concílio Vaticano II, surgiram vários "movimentos" por parte da Igreja no sentido de tornar a catequese mais de "iniciação" à vida cristã e menos voltada aos sacramentos. Documentos e exortações do Papa, o Diretório Geral para a Catequese e muitos outros documentos vieram falando da “iniciação” e não mais da catequese com vistas ao sacramento. A Bíblia passa a ser “o” documento da catequese e não mais o catecismo; e a liturgia passa a ter importância também nos encontros catequéticos. “Mistagogia” passa a se uma palavra comum na catequese de iniciação.

E uma catequese de iniciação precisa de "celebração", de mistagogia (celebrar o mistério da fé). Despertar os “sentidos" da pessoa, mais que a razão, porque, para se viver a fé é necessário se envolver nesse mistério. Mas, ainda assim nossa catequese parece não ter conseguido "internalizar" isso. Vê-se pela enorme "dificuldade" que quase todos os catequistas nos relatam em "levar" seus catequizandos a uma missa.

E – É quase unânime – que vamos culpar os pais: "que não levam", "que não dão exemplo", que não participam da catequese dos filhos...

Vamos então esmiuçar esta questão. Em primeiro lugar, a missa (liturgia) não é "exemplo", “costume”, “hábito” como o foi em eras passada. E nem muito menos um compromisso "social". A missa é a "celebração da fé". Que nada mais é do que a celebração "da vida"! É uma "necessidade" espiritual, jamais uma imposição e nunca deve ser lido como um dogma, e “pecado” se eu não comparecer.

Enfim, nós temos uma missão na catequese, além de ensinar "conteúdos", precisamos ensinar os “mistérios” da fé. Precisamos não “ensinar” liturgia, mas, VIVER a liturgia. Precisamos ensinar a CELEBRAR! Estamos vivos! Fomos salvos pelo sacrifício amoroso de cristo. Nossa catequese deve CRISTOCÊNTRICA e não doutrinal ou devocional.

E celebrar começa pela vida, pelo nosso cotidiano, pelas pequenas coisas que vivemos. Um dia lindo de sol, a chuva que rega a terra, a beleza da natureza colocada à disposição do homem, a água que alivia a sede, a luz que ilumina a escuridão, o pão que sacia a fome... Se não ensinamos nossas crianças a "celebrar", a "festejar" a vida, eles nunca entenderão porque precisam ir à missa.

Então, a "Celebração" precisa começar nos encontros! E cada etapa/fase tem os seus momentos. Como fazer isso, é uma questão de planejamento. O que precisamos celebrar nos encontros para que nossos catequizandos sintam a necessidade de celebrar com a comunidade também? Usar símbolos, usar os sentimentos, mesmo aquilo que não se pode tocar pode ser simbolizado. Somos despertados para a vida e todas as coisas ao nosso redor, pelos nossos sentidos: o olhar, o ouvir, sentir o toque, o perfume.

Por que não usar isso em celebrações catequéticas?

Ângela Rocha
Catequista


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