DAS TREVAS À
LUZ!
A liturgia deste domingo é profundamente batismal,
ou seja, na cura do cego de nascença temos manifesta a graça e o rito batismal.
De fato, o Batismo nos faz passar das trevas para luz, pois este sacramento nos
dá a graça de brilhar a luz de Cristo, Por isso, desde a Igreja Primitiva, o
recém-batizado é chamado de neófito, ou seja, novo iluminado. O cego de nascença é a figura do
iluminado pela luz do Senhor.
A
escuridão, as trevas e a cegueira carregam um sinal negativo na Bíblia.
Representam a desorientação, o pecado. Quando se vive no pecado, prefere-se que
as obras fiquem encobertas, para que a hipocrisia não seja desmascarada. Ser
cego é não reconhecer o Senhor, não abrir-se a salvação como foi a atitude de
muitas testemunhas do sinal de Jesus no Evangelho. Por isso, acolhamos o
convite do apóstolo Paulo: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz do Senhor.
Vivei como filhos da luz” (Ef 5,8).
Ser curado da cegueira é estar com os olhos abertos
à salvação, é reconhecer onde estão os verdadeiros valores, superando os vícios
das trevas. O cego de nascença tornou-se um enviado para a missão, pois foi
ungido e orientado para ir até a piscina de Siloé (=enviado).
Pela graça batismal, somos enviados para iluminar a luz de Cristo, para fazer o
bem, deixando as nossas obras serem luz para o mundo pela força do Espírito de
Deus (a saliva e o hálito significam o sopro divino).
Algumas
características são marcantes na cura do cego de nascença do Evangelho. São
notas características de todo batizado:
·
Não é
mais reconhecido como cego (“é ele que pedia esmola?”): suas atitudes mudam,
evidencia-se sua conversão. O cristão impressionar o mundo com a nossa mudança
de vida.
·
Não tem
medo da verdade. Os pais não têm coragem de manifestar o que aconteceu, as
autoridades não admitem, mas o iluminado não vende suas convicções, testemunha
com coragem a verdade, prefere ser expulso daquela comunidade do que mentir. Precisamos de pessoas
verdadeiras, pois como nos diz São Paulo, as obras das trevas nos causam
vergonha, os filhos das trevas as escondem.
·
O
iluminado está em uma constante atitude de procura: “Quem é ele?” Nunca está
satisfeito, mas quer saber mais sobre aquele que o curou. Existe um constante
peregrinar para o conhecimento de Jesus, o Senhor.
É preciso
entender que Deus não escolhe um grupo seleto, mas faz sua opção na gratuidade.
Deus escolhe os fracos, os pequenos, os pecadores, os doentes… Deus escolheu
Davi e não Eliab, o filho mais forte de Jessé… A doença do cego não é um
castigo, mas uma oportunidade para manifestar o poder de Deus. Hoje Deus
escolhe cada um de nós para que vejamos longe, para que tenhamos olhos e mentes
abertas e para que a nossa vida brilhe.
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba-PR
Nenhum comentário:
Postar um comentário