Andei perguntando por aí (com segundas intenções, confesso!), como e, “SE”, é feito um trabalho com a Liturgia Dominical ou Evangelho nos
encontros de catequese. Aproveitei a interação que nos grupos de catequistas do
Facebook para levantar a questão.
Fora
o fato de que (cada vez mais!), me convenço de que alguns catequistas entram em
grupos de catequese meio sem saber por que (porque nunca respondem, comentam ou
curtem o que quer que seja), descobri que esse é um assunto que não parece ser
preocupação de muita gente. Num universo considerável, de digamos, umas DUAS
MIL PESSOAS, eu recebi resposta de VINTE E SEIS! Ou seja 1%... UM POR CENTO! E
a maioria delas, negativa.
E
agora eu faço uma pergunta retórica, antes de começar o assunto de verdade...
- Sendo assim, não dá
pra vocês reclamarem se só 1% das suas crianças frequentam a missa!! Dá?
E
antes que se comece a considerar que eu sou tão “desinteressante” para vocês,
como a missa é para as crianças, vamos a nossa questão!
Primeiro, por
que trabalhar a liturgia dominical nos encontros de catequese?
Por falta
de assunto?
É
claro que se esse último for o motivo, podemos considerar que a proposta de
solução é das mais felizes. E algumas paróquias usam mesmo o Evangelho do
domingo como roteiro de catequese.
Mas,
vamos ao “porque” do por que?
Precisamos
trabalhar a liturgia dominical nos encontros de catequese, porque a nossa
catequese PRECISA ser LITÚRGICA, ou seja, conduzir à liturgia
e ao grande mistério da nossa fé “contado” na “mesa da Palavra” e vivido na
Mesa do Pão, todos os domingos.
Para
o DNC, a proposta ideal é de uma catequese
litúrgica, que leve para os encontros a reflexão e os ensinamentos que
provêm da leitura do Evangelho Dominical e que depois se estendem para
a vida de cada um. “A catequese como
celebração da fé e a liturgia como celebração da fé são duas funções da única
missão evangelizadora e pastoral da Igreja”. (DNC 120)
E vamos considerar
outra coisa:
se não for pelas leituras ou menção do Evangelho que se faz na catequese, ele nem
seria conhecido já que a maioria das nossas crianças NÃO VAI À MISSA!
Entre
as respostas que recebi do “não” se trabalhar o Evangelho do Domingo, o motivo
está no fato de que já temos (e tomara isso fosse uma realidade para todo
mundo!), indicados em nossos roteiros, leituras para trabalhar nos encontros.
Hum....
É um fato! Mas não penso que a “memória” da missa dominical vá causar algum
“desarranjo” no nosso encontro. Muito pelo contrário. Vai é “arranjar” as
coisas. Porque, de uma forma ou de outra, os Evangelhos acabam sendo
“tema” da nossa catequese. Às vezes só não estão na mesma ordem que o índice do
nosso “livrinho”. Por isso a importância
de se adaptar os temas ao calendário litúrgico.
E
antes de falar do antes ou depois, quero trazer aqui um dos nossos
grandes dilemas, que tem a ver com esse assunto também: O que
fazer para que nosso catequizando participe da missa... (E nem boto ponto de interrogação porque
já nem adianta perguntar mais).
Mas,
certamente, a resposta não é a “exigência” de que ele vá à missa, se nem sequer
falo sobre um dos pontos centrais dela, que é a liturgia da Palavra! O fato é que nossos catequizandos não “veem”
muita ligação entre a catequese semanal e a missa dominical.
-
Já não basta ir ao encontro? Pra que ir à
missa?
Outra
coisa, nossos catequizandos da Eucaristia (e a grande “massa” dos nossos
catequizandos está nesta fase), participam da Liturgia Eucarística como “ouvintes” e não como “participantes”. Ou seja, eles não
participam ainda do “banquete”.
Estão se preparando para ele. Como?
Ouvindo as leituras dominicais e fazendo catequese até que estejam prontos,
preparados e sejam “eleitos”.
Então, vamos achar aí
um espacinho de tempo para lembrar da liturgia dominical na catequese. Sempre!
E não só nas festas e eventos especiais.
Se
na missa nos é impossível fazer uma “leitura
orante”, a catequese nos permite fazê-lo. Pelo menos a parte do ler
“novamente”, pausadamente e com reflexões pessoais a respeito.
- Ah! Não dá tempo! É
muita coisa!
Numa
catequese de uma hora não dá mesmo. Pense em rever com sua coordenação esse
aspecto do “tempo de duração de um encontro”.
Mas, a
gente fala do Evangelho do Domingo, antes ou depois dele acontecer?
O
ideal é que o encontro fale do Evangelho do Domingo ANTERIOR ao encontro. Isso porque, tendo participado da celebração
e ouvido as leituras e a proclamação do Evangelho, o catequizando trará consigo
a reflexão feita na homilia e seus próprios questionamentos e opiniões sobre o
tema tratado. Riqueza para ele, mais riqueza aos nossos encontros!
Tirando
esta justificativa (e acho que nem precisava de outra!), dou mais algumas,
fruto de minhas próprias reflexões.
Com
toda essa nossa verdadeira “ojeriza” em fazer com que as crianças participem da
Missa Dominical, contar (antes) a elas o que vai acontecer, é um excelente
motivo para ela acreditar que não precisa ir à missa. Já sabe, afinal, o que
vai ler lido lá e a catequista até já fez a “homilia”!
- E vira pro canto,
puxa as cobertas e dorme mais um “pouquinho”!
Segundo
o DGAE 21 – 2003/2006: “A liturgia é
considerada lugar privilegiado de educação da fé (DNC 118). A proclamação da
Palavra na liturgia torna-se para os fiéis a primeira e fundamental escola da
fé”. Então, se ela é a “primeira”, por que vamos “antecipá-la” no encontro
de catequese? O encontro (feito depois) neste caso, servirá para aprofundamento
dessa educação.
Outra
coisa: Quem é o “nosso” catequista na paróquia? (Catequista dos catequistas).
Pelo
menos na dimensão bíblica, é o PADRE.
É nas reflexões e na homilia dele que a primeira catequese se faz, inclusive
para o próprio catequista!
Eu
uso a homilia dele para complementar a minha catequese. Não faço uma “homilia”
antes dele. Mesmo porque posso até falar sem o devido preparo. Os nossos
presbíteros são preparados para isso, tem conhecimento bíblico, oratória e sua
missão é “conduzir” o rebanho paroquial. A mim cabe, depois dele (aproveitando
que tenho mais tempo e não estou ligada ao rito), rememorar a liturgia para
que, realmente, ela permaneça e faça parte da vida do catequizando.
Finalizo,
respondendo a minha pergunta:
Uso
o Evangelho dominical na catequese sim. Às vezes com mais profundidade, se
ligada ao tema de um encontro, noutras mais de “leve”, apenas para lembrar
daquilo que ouvimos e deve conduzir-nos pela vida afora. Sempre “depois”. Porque, como os discípulos de
Emaús, primeiro eu “aprendo”, “escuto”, faço “arder” meu coração... Depois ensino e faço ecoar a mensagem que
aprendi.
Ângela Rocha
Catequista
2 comentários:
Ângela, muito obrigada pela sua orientação, me levou a refletir.
Em nossa paróquia usamos o Evangelho no início da catequese e falamos ANTES. Vamos mudar pois realmente você está com razão.
Nilzene
Paróquia São Geraldo
Bairro Piratininga
BH - MG
Muito obrigada, Angela!
Tu és uma Catequista ( com letra maiúscula)inspirada por Deus!
Ajudou- me demais!
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