A SEXUALIDADE
1
- Objetivo: Entender a sexualidade não apenas como
dimensão biológica, mas, sobretudo como integração de todas as potencialidades
humanas.
2
- Reflexão:
Fazer as seguintes
perguntas:
- Qual a diferença entre
sexo e amor?
- Por que as pessoas vão ter
relação sexual dizem “vamos fazer amor”?
- Toda relação sexual é
também uma relação de amor?
3
- Proclamar: 1 Cor 6, 13-20 – Vosso corpo é templo do espírito Santo que mora em vós.
4
– Texto de apoio
A sexualidade é uma pulsão
vital que nos acompanha a vida toda. É energia, força dinâmica que não ocorre
integralmente e de uma vez no ser humano. Indo muito além do genital (aqui
chamamos biológico), a sexualidade se situa no centro da pessoa humana.
Ao assumir a condição
humana, Jesus também assumiu a sexualidade. O Filho de Deus, que se fez homem,
tinha sentimentos de amor, carinho, amizade, ira, solidariedade, etc. Na visão
cristã, a sexualidade possui quatro níveis: sexo,
Eros, filia e ágape. O sexo refere-se
mais diretamente ao biológico da sexualidade; o Eros, ao psicológico (o desejo); a filia representa o amor interpessoal; e o ágape abre o amor humano
a Deus, que é amor. Mais que “ter”
sexualidade, somos sexualidade e afetividade.
Biologicamente não existe o
neutro; existe o sexo masculino e o feminino. O homem produz milhões de espermatozoides
em horas e tem a genitalidade externa. Já a mulher produz, mensalmente ao longo
ao longo de alguns anos, um ou mais óvulos e tem a genitalidade interna.
Mas a sexualidade não atinge
somente as faculdades corporais, ou seja, o biológico. Existe uma maneira
masculina e uma feminina de pensar, imaginar, amar, agir, reagir; é o que se
chama de desejo sexual. A menina sente desejo pelo menino, e o menino sente desejo
pela menina; é o desejo heterossexual.
A dimensão psicológica do Eros, a esfera do erótico, é entendida
como a área da atração, do desejo de posse. Por meio dessa dimensão é que
entramos na área dos sentimentos. É o nível da beleza física, do charme, da
elegância, do estético. Este é o campo da sensualidade, entendida em seu
aspecto positivo, ou seja, o da irradiação da emoção sexual sobre todo o corpo.
Na dimensão erótica, a linguagem mais comum é a da ternura, isto é, à vontade e
a necessidade de dar e receber carinho. A sexualidade não permanece localizada
nas zonas erógenas, mas envolve todo o corpo da pessoa.
O Eros degradado a puro sexo torna-se mercadoria, simplesmente uma coisa que de pode comprar e vender;
antes, o homem ou a mulher tornam-se mercadoria.
Passa-se a considerar o corpo e a sexualidade como partes meramente materiais
de si mesmo para usar e explorar com proveito.
Na verdade, encontramo-nos
diante de uma degradação do corpo humano, que deixa de estar integrado no
conjunto da liberdade da nossa existência, deixa de ser expressão viva da
totalidade de nosso ser, relegando-se unicamente à sua dimensão biológica. A fé
cristã sempre considerou o ser humano como uno, com duas dimensões
inseparáveis. Nele, espírito e matéria se compenetram mutuamente. O Eros quer nos elevar em êxtase para o
divino, conduzir-nos para além de nós próprios; por isso mesmo, porém, requer
um caminho de ascese, renúncias e purificações. [1]
Para descobrir o outro sexo,
é necessário em primeiro lugar abrir-se a seu conhecimento, á sexualidade na
dimensão filia. É um dever ético par ao adolescente e para o jovem conseguir um
conhecimento adequado do sexo oposto, como também de seu próprio sexo.
Embora já na infância a
criança conviva com crianças de ambos os sexos, é somente durante a
adolescência que o(a) menino(a) se “encontra” de verdade com o sexo oposto no
plano vivencial ou emocional. Na fase juvenil, chega o dia em que se realiza um
encontro totalmente novo com um você
pessoal. O(a) jovem conhece uma (um) jovem que ocupa seu pensamento. Mas o que
o(a) domina já não é o erotismo ou a emoção; é um sentimento novo: a
necessidade de conhecer, de descobrir o mistério da pessoa amada e oferecer-lhe
o melhor de si. Naturalmente, esses sentimentos deverão amadurecer em direção a
um compromisso mais sério, culminando no matrimônio. Esse encontro definitivo
pode também ser vivido em forma de virgindade
consagrada ou de celibato integrado.
São formas diferentes de realizar-se como pessoa em uma relação heterossexual.
A relação heterossexual deve
ser uma linguagem de amor e, ao mesmo
tempo, uma realização do amor humano. Ela não deve guiar-se unicamente
pela força do impulso biológico, pois isso comprometerá a plena realização do
amor humano.
5
– Homossexualidade
OBS: Conforme as necessidade e características do grupo serão convenientes
abrir o debate sobre situações semelhantes: gravidez precoce, prostituição
infantil e aborto. Cuidar para não nivelar essas situações com os desvios de
personalidade que levam à pedofilia e ao estupro. No anexo, um texto de Pe.
Zezinho sobre o assunto.
Conforme o Catecismo da
Igreja católica, “a homossexualidade designa as relações entre homens e
mulheres que sentem atração exclusiva ou predominante, por pessoa do
mesmo sexo”. [2] Trata-se, portanto, de um fenômeno moral e
social.[3]
Para avaliação moral da
homossexualidade, a Igreja sempre entendeu que “o homem, imagem de Deus, foi
criado homem e mulher (Gn 1,27). O homem e a mulher são iguais enquanto pessoas e
complementares enquanto homem e mulher. A sexualidade, por um lado, faz parte
da esfera biológica e, por outro, é elevada na criatura humana a um novo nível,
o pessoal, onde corpo e espírito se unem”. [4] Portanto, a tradição da
Igreja sempre declarou que os atos de homossexualidade são intrinsecamente
desordenados. [5]
São contrários á lei natural. Impedem que ao to sexual se abra ao dom da vida.
Mesmo apresentando essa
posição, a Igreja sempre declarou que as pessoas homossexuais “devem ser
acolhidas com respeito, compaixão e delicadeza. Deve-se evitar, para com elas,
qualquer atitude de injusta discriminação”. [6] Como os demais cristãos,
são chamados a viver a castidade. Se, decidem com assiduidade a compreender a
natureza do chamado pessoal que Deus lhes dirige, estarão em condição de
receber a graça do Senhor, que se oferece generosamente nos sacramentos apara
ajudar no seguimento de Cristo.
A Igreja, ao mesmo tempo em
que deixa claro não aceitar a vivência de práticas homossexuais, de maneira
alguma menospreza as pessoas homossexuais, mas zela pela acolhida e mostra sua
disposição em ajudar cada irmão e irmã de maneira verdadeira, clara e honesta,
sempre com o olhar de misericórdia e amor.
6.
Vivência
É fundamental gostar do
próprio corpo, cuidar bem dele, com alimentação saudável, dormir adequadamente,
não desperdiçar a saúde com cigarro, álcool e outras drogas. Mas também é
preciso evitar a moda atual de cultuar desesperadamente o corpo unicamente por
motivos estéticos. Ao integrarmos o sexo às demais dimensões de nosso ser,
passamos a perceber o(a) outro(a) como pessoa e o(a) entendemos como parte de
uma relação mais ampla.
Nesse entendimento, costumes
como ter relações sexuais somente porque me sinto atraído ou “ficar” com o
maior número de pessoas durante uma balada, devem ser repensados. Eles
desvalorizam não só o outro, mas, também a mim mesmo. Há um simplismo de muita
propaganda que reduz o compromisso entre duas pessoas à necessidade de usar o
preservativo.
Procure motivar o grupo a se
aconselhar com pessoas mais experientes e maduras, como os pais, o pároco, o
orientador educacional da escola, o médico.
7
– Oração
Ler em silêncio o texto a
seguir e colocar-se em atitude orante e silenciosa por alguns minutos. Concluir
com a leitura em dois coros do Salmo 138.
O
gesto e o corpo na liturgia
Durante as celebrações, os
gestos externos de nosso corpo correspondem à atitude interior de fé e de
oração. Expressamos nossos sentimentos de respeito, disponibilidade, humildade,
adoração, espera confiante e receptividade com a postura de nosso corpo. A
liturgia valoriza o corpo e os sentidos para celebrar o amor ágape e promover a
comunicação com deus e com os irmãos.
Na dimensão horizontal,
a liturgia prevê a formação da
assembléia como povo de deus reunido, encontro de irmãos que se acolhem, se
cumprimentam, se
reconhecem e se ajudam. São
pessoas que se reconhecem unidas em Cristo e capazes de vencer a discórdia pela
ação do Espírito. Na celebração rezamos com as atitudes que ornam a pessoa: o
sorriso, o carinho, a boa educação com que nos dirigimos a quem está ao nosso
lado, ou mesmo o cuidado e atenção que dispensamos aos idosos. O abraço da paz
sela o compromisso de toda assembléia.
Na dimensão vertical, o
corpo humano ora, suplica, louva e agradece o criador: de pé (sinal de atenção
e prontidão), sentado (atitude de escuta e acolhida), de joelhos (expressão de
súplica e de humildade), em procissão (em peregrinação a casa do Pai). Assim,
temos também os gestos com os braços e as mãos levantadas, ou unidas em prece,
em posição de oferta ou estendidas. Com as mãos batemos no peito ou as lavamos,
em sinal de reconhecimento dos pecados.
O corpo é o templo de Deus,
morada do Espírito. De sua integridade brota o culto em espírito e em verdade,
pois no coração humano se ergue o altar das boas obras de nosso trabalho. Esse
é o louvor que realizamos nas várias horas do dia, a chamada liturgia da vida.
SALMO
138*
1. Eu te dou
graças, SENHOR, de todo coração: pois ouviste as palavras da minha boca. Vou
cantar para ti diante dos anjos,
2. e prostrar-me
diante do teu santo templo. Celebro teu nome pela tua bondade e pela tua
fidelidade: pois tua promessa supera toda fama.
3. Quando te
invoquei, me respondeste, aumentaste em mim a força.
4. SENHOR, todos
os reis da terra te louvarão quando ouvirem as palavras da tua boca.
5. Cantarão
sobre os caminhos do SENHOR: “Grande é a glória do SENHOR!”
6. Excelso é o
SENHOR e olha para o humilde, mas conhece o soberbo de longe.
7. Se ando no
meio da angústia, tu me conservas a vida; contra a ira dos meus inimigos
estendes a mão e tua mão direita me salva.
8. O SENHOR
completará para mim a sua obra. SENHOR, tua bondade dura para sempre: não
abandones a obra de tuas mãos.
8
– Anexo
Homossexualidade
Pe. Zezinho
“Foi
difícil para ele admitir que não tinha controle sobre o que sentia. O corpo
masculino o atraía. Sabia das consequências. Com 19 anos, não tinha ninguém em
família para quem dizer isso. Não tendo os trejeitos que alguns demonstram, nem
voz afeminada, a família não percebeu. Mas ninguém entenderia. Procurou uma
professora que o orientou. Falou com o padre, que serenamente lhe explicou o
que é tendência, inclinação e tentação e o que é assumir-se.Mas ele queria
assumir-se como homossexual. Não sentia atração por mulher alguma. O padre lhe
explicou a doutrina da Igreja. O pastor presbiteriano a quem fora ver com um
amigo disse o mesmo. São doutrinas iguais. Deixou a Igreja. Foi morar numa
cidade grande, onde divide o apartamento com um colega mais velho. Diz com
todas as letras:
-
Não posso viver como católico ou como evangélico, nem consigo viver minha
sexualidade como um hetero. Milhões passaram por isso desde que o mundo existe.
Vou descobrir o meu lugar sem julgar ninguém. Mas espero que também não me
julguem.
A
resposta do seu ex-pároco, de quem continua amigo, foi clara:
-
Não concordo com esta sua escolha, mas consigo ver todos os seus valores. Minha
Igreja não me permite julgar você. Você assumiu uma situação e a Igreja faz
séculos que assumiu outra. Discordo, mas respeito isso. Venha aqui sempre que
quiser. Posso não ter um sacramento para lhe oferecer, mas, se diálogo AJUDA,
DIALOGAREMOS. Afinal, não discordamos a respeito de tudo!”.
FONTE: Pe. ZEZINHO. Adolescentes em busca de si mesmo. Subsídios para pais e filhos à
procura de uma linguagem. São Paulo, Paulinas, 2007, pp. 104-105.
OBS.:
Roteiro retirado do livro Testemunhas do
Reino: Catecumenato Crismal – Livro do catequista, NUCAP, Paulinas, 2008.
pp. 85-90.
[1] Cf.
bento XVI. Carta Encíclica Deus Caritas
est. São Paulo, paulina, 2006. n. 5.
[2] Catecismo da Igreja Católica, n. 2357.
[3]
Para maior aprofundamento desse tema, consultar: MOSER, Antonio. O enigma da esfinge: a sexualidade.
Petrópolis, Vozes, 2001.
[4] CONGREGAÇÃO
PARA A DOUTRINA DA FÉ. Considerações
sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas
homossexuais. São Paulo, paulinas, 2003. n. 3.
[5]
“A particular inclinação da pessoa homossexual, embora não seja em si mesma um
pecado, constitui, no entanto, uma tendência, mais ou menos acentuada, para um
comportamento intrinsecamente mau do ponto de vista moral. Por esse motivo, a
inclinação deve ser considerada objetivamente desordenada. Aqueles que se
encontram em tal condição deveriam, portanto, ser objeto de uma particular
solicitude pastoral, para não serem levados a crer que a realização concreta
dessa tendência nas relações homossexuais seja uma opção meramente aceitável”
(CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Declaração
sobre alguns pontos de ética sexual. São Paulo, paulinas, 1976. n.3).
[6]
PONTIFICIO CONSELHO PARA A FAMILIA. Sexualidade
humana; verdade e significado. São Paulo, Paulinas, 1995. n. 104.
2 comentários:
Ótimo encontro!
Parabéns, ótimo roteiro.
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