Para adultos (já batizados) ou Crismandos, na iniciação cristã à eucaristia, tendo como tema (ponto central) a AÇÃO DE GRAÇAS.
*Pode
também ser usado num encontro/retiro para pais de catequizandos ou catequistas.
A
ORAÇÃO EUCARÍSTICA (AÇÃO DE GRAÇAS, BENÇÃO DA MESA) SOBRE O PÃO E O VINHO
Objetivo:
aprofundar
o sentido da missa enquanto ação de graças; conhecer a Oração eucarística,
“benção da mesa”, para dela poder participar de maneira ativa, interior,
consciente, plena, frutuosa.
Observação:
Não se trata de uma aula; não basta transmitir um conhecimento racional.
Importa suscitar uma adesão íntima à pessoa e ao caminho de Jesus Cristo e o
gosto pela participação na oração eucarística. Este encontro supõe outros
encontros com temas complementares sobre a eucaristia, como por exemplo:
memorial, banquete, oferta/oblação/sacrifício, partilha/solidariedade,
comunhão.
Material
necessário: Pelo menos 01 Bíblia, texto da oração Eucarística V
para todos; mesa (baixa, se possível ou pano no chão), toalha, pratos com pão
(sírio ou ázimo), bandeja com copos e jarro com suco de uva ou água, cruz,
velas, fósforo, folha de canto.
Esquema
do encontro:
1. Preparação do
ambiente, acolhida, apresentações, momento de meditação individual em silêncio.
2. Partindo da vida –
lembrança de experiência de gratidão.
3. Leitura orante com
texto bíblico que narra a última ceia
4. Leitura orante com
o texto da Oração Eucarística V.
5. Viver o que
aprendemos – O que levo deste encontro para minha vida?
6. Momento litúrgico:
uma partilha de alimentos em ação de graças.
1.
Mesa no centro ou pano no chão, Bíblia, cruz, velas (apagadas):
- Acolhida/apresentação:
prestando atenção a cada pessoa presente, olhar-nos com ternura, conhecer-nos
melhor, formar uma pequena comunidade ainda que seja somente para este
encontro; apresentação da proposta do encontro.
- propor alguns minutos de
meditação em silêncio (oração de Jesus; oração do coração), aliando coma
respiração. Inspirar e expirar (descarregar as tensões) várias vezes com os
olhos fechados e com o corpo relaxado. Entre os intervalos da inspiração e
expiração abrir os olhos e focalizá-los em uma pessoa diferente a cada vez.
Combinar um sinal para o término da meditação (toque de um sino p.ex.). É
interessante que quem estiver conduzindo o encontro dirija as pausas e os
momentos de respiração. No início, acender a vela e invocar o Espírito Santo:
cantando A nós descei Divina Luz.
2.
Partindo da vida – lembrança de uma experiência de gratidão:
- Momento individual (de
olhos fechados): Em algum momento de minha vida, vivi uma profunda gratidão? Recorde este momento e tente reviver
interiormente: o lugar, o momento do dia, as circunstâncias, as pessoas
presentes, o motivo, o sentimento, as palavras que você disse, a expressão do
seu rosto, os gestos. Banhe-se nesta atitude de gratidão. Sinta a gratidão
tomar conta do seu corpo, sua alma, seu espírito. Transforme este momento numa
oração silenciosa.
- Partilha da experiência de
dois a dois: conte ao outro como foi essa experiência, escute a experiência do
outro sem interferir, só ouça. Partilhe a gratidão.(15 minutos onde cada um
procure outro espaço para conversar).
- No grupo grande: ouvir
algumas das experiências pessoais. Perguntar: Alguém de vocês se reuniu depois
para festejar com a família ou com um grupo de amigos/amigas? Por quê? Como
foi? O que fizeram? Como se sentiram?
3.
Jesus deu graças: Leitura orante com um dos textos bíblicos que narram a última
ceia. (pode ser Lc 22, 1-39).
-
Motivação: ligando com o momento anterior – Jesus também
viveu um momento forte de profunda gratidão. Na última ceia ele reuniu os
amigos para uma refeição festiva (colocar os pratos com o pão, a bandeja com os
copos e o jarro com suco ou água sobre a mesa) e deu graças.
-
Ler o texto bíblico: cuidadosamente, destrinchá-lo, analisar
principalmente os versículos 14-20 sobre os gestos e palavras de Jesus na
última ceia, detendo-se em cada termo importante, perceber o lugar do texto no
conjunto do evangelho e principalmente no contexto da
paixão-morte-ressurreição. Perguntas que podem ajudar: Por que Jesus de reuniu
com os discípulos? O que ele fez? Por quê? Qual a explicação que ele deu? O que
queria dizer com isso? Jesus tem motivo para dar graças a Deus neste momento?
(Se for possível pode-se
olhar os outros textos que relatam a última ceia, observando semelhanças e
diferenças: Mt 26,14-30, Mc 14, 10-26; 1Cor 11, 23-26. Outra possibilidade: ver
o Sl 116, um dos salmos do hallel que
Jesus cantou ao sair do cenáculo e dirigir-se para o Horto das Oliveiras;
frisar o verso que diz: “erguei o cálice
da salvação, invocarei o nome santo do Senhor...”, relacionar com a ação de
graças de Jesus sobre o “cálice de bênção”. Compare; “erguer o cálice” com
“fazer o brinde”.
-
Completar com as devidas informações:
- Ceia pascal dos judeus
como memorial da libertação da escravidão no Egito, com ervas amargas, um
carneio, pães ázimos, ‘beraká’
(bendição) sobre o pão e o vinho, canto dos salmos do hallel (Sl 113-118).
- O termo central que
queremos focalizar na narrativa é: Jesus pronunciou a bênção sobre o pão e o
vinho (tradução do verbo grego elogein,
bendizer, louvar) ou Jesus deu graças (tradução do verbo grego eucharistein, dar graças) [1]. Refere-se ao rito judaico
na ceia pascal: o pai de família, iniciando a refeição, bendiz a deus pelo pão,
fruto da terra e do trabalho do ser humano, parte o pão e dá um pedaço a cada
participante. Em outro momento da ceia, o pai de família, levantando o copo de
vinho, bendiz a deus pela libertação da escravidão do Egito e passa o vinho
para todos beberem. Para compreendermos em profundidade o sentido bíblico desta
ação de graças é bom lembrar o termo hebraico Jadah que é de certa forma a matriz dos dois termos gregos e que
tem um duplo significado: confessar a “fidelidade do Deus da Aliança” e
confessar “nossa infidelidade”.
- é muito importante
entender o sentido dado por Jesus a este momento no testemunho deixado pelos
discípulos. Jesus prenuncia sua morte e faz dela, conscientemente, uma entrega
a Deus, a favor do povo, para o bem do povo. Vai morrer como viveu: procurando
ser fiel a Deus, mando a deus e a todas as pessoas (até mesmo os inimigos),
tentando abrir os olhos de seu povo e levá-los de volta a uma vida de
fidelidade ao deus da Aliança e a seu projeto. Apoiando0se na tradição bíblica
do Servo Sofredor (Is. 52-53), Jesus enfrenta a morte, confiando em Deus,
acreditando na proximidade da chegada do Reino de Deus. Por isso, se alegra (Lc
22, 15-16) Desejei ardentemente celebrar
esta páscoa com você... Sua morte foi entendida pelos discípulos como
renovação definitiva da aliança com Deus, como perdão dos pecados, como
salvação. Este é o motivo de ação de graças, o motivo da “Eucaristia” nas
primeiras comunidades.
-
Canto meditativo, intercalado com silêncios, retomada de um ou outro verso dos
textos bíblicos, considerações pessoais:
Eu
quis comer esta ceia agora, pois vou morrer, já chegou minha hora.
Tomai,
comei, é meu corpo e meu sangue que dou;
Vivei
no amor, eu vou preparar a ceia na casa do pai!
Ou:
Prova
de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão!
4.
Demos graças ao senhor, nosso Deus – Leitura orante com o texto da oração
Eucarística V:
- Analisar o texto da oração
eucarística V. Levar o grupo a compreender profundamente e a encontrar a
atitude espiritual de acordo com este momento da ação litúrgica. Perguntas que
podem ajudar: a) Quem dá graças a quem? Qual o motivo? b) Estrutura, elementos,
dinâmica, palavras, gestos? c) O lugar da oração eucarística na liturgia
eucarística (cf. Jesus tomou o pão, deu graças, partiu, deu e disse...) d) O
lugar da liturgia eucarística na estrutura da missa: reunião, palavra,
eucaristia, envio.
Textos de referência: Redescobrindo a Eucaristia (Cesare Giraudo
– São Paulo, Loyola, 200, p. 21-26); A
Missa, memória de Jesus no coração da Vida (Ione Buyst, São Paulo, Paulina,
2004, pg. 22-24 e 31-32).
Para um encontro com
catequizandos jovens, seriam interessantes as seguintes atividades:
- Momento de meditação/interiorização/assimilação,
em atividades grupais (sem preocupação com a transmissão no grupo grande).
a) Dramatizar a
última ceia (improvisar a “benção” falada por Jesus)
b) Fazer um cartaz
(com desenho e texto) procurando expressar o sentido da oração eucarística
c) Cantar o Sl 116
(um dos salmos do hallel que Jesus
cantou ao sair do cenáculo e dirigir-se para o Horto das Oliveira) com o refrão
do salmo responsorial na Missa da ceia do senhor na Quinta-feira Santa: O cálice por nós abençoado é a nossa
comunhão com o sangue do Senhor. Relacionar com a ação de graças de Jesus e
com nossa oração eucarística na missa: erguer o cálice da bênção (fazer o
brinde!).
d) Voltar ao grupo
grande e partilhar algo da meditação grupal. Cantar todos o refrão do Sl 116.
- Cantar o Sl 116 (um dos
salmos do hallel que Jesus cantou ao
sair do cenáculo e dirigir-se para o Horto das Oliveira) com o refrão do salmo
responsorial na Missa da ceia do senhor na Quinta-feira Santa: O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão
com o sangue do Senhor. Relacionar com a ação de graças de Jesus e com
nossa oração eucarística na missa: erguer o cálice da bênção (fazer o brinde!).
- Conferir com o texto
completo em 1Cor 10, 16-18: O cálice de
bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos
não é comunhão com o corpo de Cristo?(1Cor 10,16).
5.
Viver o que aprendemos – O que levo deste encontro para minha vida?
- A partir do sentido do
refrão, apontar as conseqüências da celebração eucarística para nossa vida. Não
basta celebrar, é preciso deixar que a participação na celebração transforme
nossa vida pessoal, familiar, eclesial, social. O que significa viver em
comunhão com o corpo e sangue de Cristo, com o Cristo que se solidarizou com os
pobres, que veio para libertar de toda escravidão, que nos amou até o fim, que
entregou sua vida em ação de graças ao Pai, que nos deixou o memorial de sua
morte e ressurreição? Olhando nossa realidade, o que é preciso salvar,
libertar? É preciso a gente assumir o compromisso de continuar a missão de
Jesus, pelo poder do espírito Santo, no dia-a-dia de nossa vida!
- Comparar nosso
aprofundamento sobre a eucaristia coma compreensão e a vivência das pessoas que
costumam ir à missa. Em que momentos costumam dar graças? A quem? Por qual
motivo? Como e com quem partilhar o que aprendemos hoje?
6.
Momento litúrgico: Uma partilha de alimentos em ação de graças.
- Preparar a mesa e convidar
a todos para acercarem-se dela;
- Canto repetido várias
vezes: Louvarei a deus, seu nome
bendizendo; louvarei a deus, à vida nos conduz.
- Temos motivos para louvar
e agradecer a Deus hoje?
- Quem gostaria de dirigir a
palavra de bênção a Deus em nome de todos?
- Palavra de bênção (oração
da mesa) – Erguendo a bandeja de pão e o vinho (suco).
- Partilha de alimentos,
servindo aos outros, confraternizando.
- Com os braços apoiados uns
nos ombros dos outros, balançando para a direita e para esquerda, cantamos
várias vezes: Onde reina o amor, fraterno
amor, onde reina o amor, Deus aí está...
- Palavra final, benção,
abraço da paz.
[1]
Algumas bíblias traduzem: abençoou;
termo este que pode confundir, porque pode levar a crer que Jesus benzeu o pão
e o vinho.
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