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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O belo, lúdico e a mistica na Catequese - parte ll

Trechos do material produzido pelo Regional Leste II da CNBB: O belo, o lúdico e o místico na Catequese. Belo Horizonte – MG. *por conta da extensão do arquivo estaremos publicando em três partes. Acompanhe a sequência!

A MÍSTICA QUE TRANSFORMA

Este artigo é uma adaptação do texto de Lucimara Trevizan, apresentado no Encontro Regional de Coordenadores de Catequese promovido pela Dimensão Bíblico Catequética do Secretariado Regional Leste II, em Belo Horizonte, no dia 24 de julho de 2010.
Mística é a motivação densa e profunda da caminhada cristã. É o ponto de apoio da vida, o gancho onde a gente prende o sentido da vida. Falar em mística é falar do sentido da existência. É falar da experiência amorosa de Deus, experiência fundante do cristão. É ser iniciado no Mistério.

1. Deus é Mistério de Amor
A experiência do amor é a chave para o conhecimento de Deus, para ser iniciado no Mistério, já nos diz a carta de São João. A gente só se conhece quando se reconhece
amado. Ninguém se conhece se não reconhece que é conhecido amorosamente. O olhar de Deus é olhar amoroso.


Jesus vê o que os outros não vêem. Vê numa pecadora bondade e amor. A verdadeira profecia de Deus é ser capaz de ver o bem onde aparentemente existe pecado e mal. O método para conhecer uma pessoa é amá-la, é confiar, é crer. Deus nos conhece e reconhece com amor. O olhar de Deus é bondade, amor... Deus tem fé no amor. Só enxergo na media em que olho o que Deus vê.

Para Santa Teresa, orar é olhar o olhar de Deus para mim. Sentimos saudade e fome desse olhar amoroso de Deus. O olhar de Deus me devolve, me faz ser eu mesmo. Jesus nos permite conhecer como Deus nos conhece.

2. Como Deus me conhece e como posso conhecer que sou conhecido?
Chamar de Deus de Pai supõe que, se quero conhecer como ele me conhece, preciso escutar sua voz que diz: Filho. Se pelo batismo fomos incorporados no Filho, precisamos reconhecer: sou filho(a) amado(a). Esta é a resposta à pergunta fundamental: Deu quem sou, ou quem sou eu? Somos filhos do amor.

Deus nos amou primeiro. Nossa bondade é porque Deus nos ama. Para Deus a criação é uma aposta. Cria gratuitamente. Fomos feitos à imagem e semelhança daquele que nos criou livremente. A liberdade é parte da criação. Deus nos criou livremente nos criou para a liberdade. Deus nos criou criadores (do nosso próprio destino, ou seja, para criar a forma concreta da vida, desenvolver as capacidades que temos). O original em nós é a Graça, o amor, a liberdade, a criatividade.

Jesus “me conhece”. Ele faz tudo por nós, pela nossa salvação. O que Jesus faz em nossa vida é garantir com sua Palavra e vida a certeza de que ninguém nos afasta do amor de Deus. Não é preciso ser Deus para ser filho de Deus. É preciso parar de sonhar em ser onipotente, grandioso, vendo limite como algo que oprime. É possível amar ainda quando parece que tudo acabou: o amor, a vida...

Jesus, o Filho, nos ensina que é possível amar a humanidade. O Filho se encarnou para mostrar o que Deus queria com a criação. A humanidade definitivamente faz parte de Deus. Quando dizemos “Jesus subiu aos céus” não queremos dizer que deixou de ser humano. Jesus Ressuscitado voltando ao Pai volta humano. Por ser solidário radicalmente com a humanidade, a nossa humanidade está em Deus. Mesmo com a ressurreição e ascensão de Jesus, nossa humanidade continua em Deus.

A beleza da Encarnação é ver que Deus nos faz tão filhos dele que nos participar de sua vida. O amor de Deus faz com que a vida não acabe, o perdão seja possível, a morte não tenha a última palavra. Sou filho, alguém que está a salvo. A vida vai dar na Plenitude, na Glória. Acreditar no Espírito Santo é acreditar que não é só na morte que vamos para Deus, mas é já aqui. A vida é sopro de Deus em nós.

O Espírito nos foi dado para vivificar/santificar. É o Espírito que nos inspira a bondade (que às vezes a pessoa nem percebe). Deixar o Espírito vivificar é deixar que o nosso coração vá ficando bom. Que a criação volte à bondade original. Que cada um encontre
o caminho para a bondade. Deus nos chama a todos à santidade, ou seja, à bondade que nos faz parecidos com o único bom: Deus Pai.


3. A mística na catequese
Catequese é lugar da experiência da beleza do amor de Deus, revelado em plenitude em Jesus Cristo. A catequese tem a missão de ajudar as pessoas a se reconhecerem filhos amados de Deus. Precisamos considerar os seguintes aspectos:
* A nossa catequese é ainda muito escolar, somos presos ao livro, ao texto.
* É necessário rever os conteúdos dos encontros. Perde-se tempo com temas que são secundários.
* Devemos cuidar mais da acolhida, da partilha e da convivência.
* É importante investir na espiritualidade da comunhão e perceber o outro como obra de arte de Deus.
Em relação ao grupo de catequistas:
* Cuidar do encantamento inicial (formação).
* Resgatar a alegria de ser catequista, a alegria do chamado (vocação: é Deus quem chama).
* Ajudar o grupo a melhorar a intimidade com o Amado: Deus mesmo.
* Organizar manhãs, tardes de espiritualidade para silêncio, oração pessoal, partilha.
* Cuidar da preparação das celebrações e orações.
* Zelar pela boa acolhida e acompanhamento das pessoas.
* Melhorar o jeito de trabalhar a espiritualidade nos cursos, nas escolas catequéticas.
(Lucimara Trevizan)


*Ângela Rocha
angprr@uol.com.br

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