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domingo, 3 de agosto de 2014

PLANEJAMENTO E CATEQUESE *Angela Rocha

Muito se fala sobre Planejamento na Catequese, no entanto, os planejamentos que normalmente são feitos são, exclusivamente, para serem enviados às equipes superiores de coordenação da Catequese: coordenações das Paróquias, Decanatos e Dioceses.

O planejamento não é encarado com a seriedade que deveria, ou seja, ele na verdade é uma cópia de um documento feito por alguém em anos anteriores, que nada tem a ver com o verdadeiro sentido do termo.

Copiando um pouco os conceitos utilizados pela administração vemos que planejamento é um trabalho de preparação para se levar um empreendimento em frente seguindo roteiros e métodos determinados. Normalmente o planejamento tem um objetivo definido. Planeja-se para chegar a algum lugar.

O planejamento, como ferramenta da administração (porque a coordenação da catequese deve praticar uma boa administração), possibilita perceber a realidade, avaliar os caminhos e construir um referencial para o futuro. Na verdade é uma ação racionalizada, planejada para um fim específico.

O planejamento deve ser feito após se considerar e avaliar a realidade, de maneira que as ações a serem tomadas sejam escolhidas e organizadas antecipando resultados. Esta ação ou construção, busca alcançar, da melhor forma possível, os objetivos pretendidos. O bom planejamento também possibilita que se faça correções ou mudanças de direção caso seja necessário.

Com relação ao dia a dia, algumas de nossas ações precisam ser planejadas, outras não. A não ser que sejamos pessoas que só agem por impulso, estamos sempre agindo e antecipando os resultados de nossas ações, mesmo que não se esteja ciente de que se está projetando resultados. A ação, propriamente dita, é muito mais frequente do que o planejamento. Raras vezes nos damos conta de que estamos antecipando ou planejando o resultado de nossas ações. As ações muitas vezes são comportamentos já treinados para os quais possuímos planos já guardados em nosso subconsciente. Assim, agimos e adaptamos nossas ações sem planejá-las. Somente se essas ações tiverem como objetivo mudanças radicais em nossas vivências, é que iremos planejá-las conscientemente.

Agora, quando se trata de atividades voltadas para novas situações ou tarefas com objetivos complexos ou quando se refere a ações que afetam, não somente nossa vida pessoal como de toda uma comunidade, é imprescíndivel que se planeje as ações a serem executadas.

O planejamento é necessário quando é preciso adaptar as ações a um ambiente que envolve risco ou custo, ou quando a atividade é feita em parceria ou faça parte de um sistema dinâmico, como é a Catequese na Igreja. No entanto, pelo fato do planejamento ser um processo muitas vezes complicado, que consome tempo e energia, recorremos ao planejamento apenas quando é realmente necessário ou quando alguma coisa ou alguém nos obriga a planejar. Outra coisa é que, quando finalmente planejamos, procuramos aquilo que é mais fácil, viável e bom e não aquilo que otimizaria os processos.

O planejamento precisa ser entendido como um processo cíclico, em constante movimento, que coloca em prática as determinações de um plano, garantindo a continuidade do processo, com uma constante reavaliação de situações, propostas, resultados e soluções. Isto traz dinamismo às ações, facilita a tomada de decisões e a recondução daquilo que falhou.

Entendido o que é planejamento parte-se para a definição de para quem é o planejamento. O planejamento é feito para toda pessoa ou organização que queira ou esteja comprometida com o alcance de um ou mais objetivos, onde se necessite coordenação e acompanhamento de esforços e aplicação de recursos humanos, financeiros e materiais.

E por que se faz planejamento? Em primeiro lugar para que se tenha garantia de que os objetivos propostos serão atingidos. Depois para que os problemas encontrados no meio do caminho sejam resolvidos com criatividade, desde que essa criatividade na resolução dos problemas seja coerente com os objetivos traçados inicialmente. O planejamento ajuda a eliminar soluções de improviso que normalmente, estão longe dos objetivos maiores do planejamento.

E quando se deve planejar? O planejamento deve ser feito a cada período de atividades onde surjam novos desafios ou novas situações. O planejamento não é imutável, pelo contrário, sempre que houver mudanças que justifiquem, o planejamento deve ser revisto, para que os objetivos do planejamento sejam atingidos, pois a prioridade deve ser o objetivo e não a manutenção rígida do planejamento.

Ao contrário do que se pensa, planejamento não é só para empresas. Ele deve ser feito em qualquer atividade que exija esforços múltiplos e envolva um grande número de pessoas ou em atividades onde haja risco de comprometer vidas humanas tanto sob o ponto de vista de manutenção da vida como de sua continuidade e desenvolvimento. A Catequese não foge disso. Ela é uma ação coordenada da Igreja que visa à educação na fé e prescinde de planejamento em todos os seus níveis e etapas.

Mesmo tratando-se de uma atividade realizada pela Igreja, a Catequese tem custo, e isto depende do que se está planejando. O planejamento dos encontros semanais das crianças demanda esforço e material, já o planejamento das formações de catequistas ou dos encontros de pais, requer um planejamento mais elaborado e muito provavelmente vai envolver mais pessoas e custos maiores para a paróquia. Assim como para a administração, o que se sabe é que o custo do não planejamento é muito maior do que o custo do planejamento, pois quem não sabe para onde vai, qualquer lugar serve, não importa o que, nem quanto custe.

Mas como planejar? Planeja-se primeiramente pensando-se em planejamento, corrigindo rumos, aprendendo com a experiência própria, com as experiências dos outros, lendo outros planejamentos, livros, trabalhos, experimentando, acertando e errando.

Para planejar é preciso antes de tudo avaliar a caminhada catequética. Essa avaliação tem que ser consciente e madura. É preciso que as equipes façam um retrospecto de tudo aquilo que funciona e não funciona na catequese, lembrando que cada paróquia ou comunidade possui suas características e realidades diferentes umas das outras.

Não é necessário que se inicie um novo ano ou período para que se faça planejamento. Ele deve ser feito sempre que necessário, sempre que as diversas atividades que envolvem a catequese assim o exijam. E deve ser participativo.

Finalmente, é preciso saber quem vai fazer o planejamento. Quem vai planejar é um dos aspectos mais importantes do processo. Quando isso é feito pela equipe e não por um grupo de coordenação para a equipe, o envolvimento e os objetivos do planejamento são mais facilmente alcançados. Há um comprometimento maior dos membros envolvido. Cada um sabe que, de uma forma ou de outra, contribuiu para a construção do projeto e assim, com responsabilidade compartilhada, é muito mais fácil trilhar o caminho. Não há pessoas a se culpar caso algo saia do rumo. Há sim, unidade na correção desses rumos.

*Ângela M. L. Rocha – Catequista de 1ª Eucaristia na Paróquia e Catedral N. Sra. de Belém, Guarapuava, Paraná – 2010.

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