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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

NO PRIMEIRO BANCO DA IGREJA


Muitos frequentam a Igreja, praticamente todo domingo e sentam-se nos primeiros bancos.  É um lugar “marcado”.  Eles aderiram ao terceiro mandamento da Lei de Deus que é “Guardar domingos e festas”. Se a pessoa deixa de ir, logo sua falta é notada. Com isso também, seus comportamentos são mais observados.

Há pessoas que se dedicam por muitos anos servindo dentro de comunidades, seja como ministro, catequista, na liturgia, no canto, como coroinha, ou em outras atividades como leigos.  Sacrifica-se o convívio familiar, um churrasco com amigos, passeios ou descanso. Alguns filhos crescem presenciando seus pais apaixonadas por falar sobre Jesus na sua vida. É praticamente um hobby de fim de semana.

Não raras vezes é necessário deixar os próprios filhos para comparecer em encontros de formação ou retiros para aperfeiçoar-se no conhecimento da fé católica, por horas ou dias. Várias missões a se cumprir nas horas vagas. Quantas mães deixam seus afazeres domésticos para depois. Perfeitos não foram. Mas, dedicaram-se, doaram-se, amou-se a missão que Jesus nos deixou. Deram seu tempo, seu entendimento, seu saber e suas capacidades para que Jesus usasse. Certamente houve erros e acertos. Uns aplaudem, elogiam, incentivam, apoiam ou oram por estes que estão servindo. Outros se afastam por escutarem o que não queriam ou por ver atitudes que não esperavam e ficam magoados.

De tentativas é a vida cristã. Tenta-se não pecar, mas é algo bastante difícil. Às vezes, palavras que falamos magoam. Atitudes que temos, ou ainda, que não temos, decepcionam alguns do convívio. Tentativas de ser exemplo. Tentativa de não cair na hipocrisia, na fofoca, nos maus pensamentos. Tentativas para não desistir. Tentativas e mais tentativas que nem sempre saem como se esperava.

Dentre tantas tentativas, há uma em evidencia nas redes sociais: a de não se importar com a forma genérica que falam de "cristãos que vão á missa todo domingo e sentam no primeiro banco". Dizem que "são pecadores dos piores", foi a pedra que lançaram sem freios por ai. Apedrejaram não só um, mas dezenas.  Doeu...

Pensa-se que o comodismo pode estar por de trás destas pedradas. Mais fácil apedrejar que ser apedrejado. Mais fácil “hipocratizar” os outros que  assumir-se um hipócrita. Mais fácil arranjar mil e uma desculpas para não participar ativamente de uma comunidade que aderir a um estilo de vida que sugere sacrifícios e muita dose de perdão. Exige persistência de erguer-se após uma queda.

Muito comodo estar em casa, só observando os deslizes de quem frequenta a Igreja para poder alegar que lá não vai porque tem um pecador dando mal exemplo e não cumprindo o que Deus ordenou. Não há como negar a hipocrisia dentro e fora da Igreja. Jesus escolheu hipócritas para o seguirem. Esses não foram perfeitos na sua caminhada, e olha que eles estavam lado a lado de Jesus. Viram  e ouviram Jesus cara a cara. Pedro negou Jesus três vezes, quão hipócrita ele foi. Andava com Jesus e o negou. Disse não participar das celebrações com Jesus quando foi acusado de ser seguidor Dele. E Jesus viu Pedro sendo hipócrita. Teve tanta compaixão que lançou sobre ele o seu olhar piedoso. Jesus viu seu apóstolo caindo na tentação do medo de ser cristão. Porém, Jesus foi manso e humilde com Pedro diante desta queda. Não o apontou como hipócrita e muito menos desistiu dele.  Outro exemplo de hipocrisia está na história de Saulo, perseguidor de cristãos que se tornou grande evangelizador. 

Por de trás de pessoas que lançam pedras para os que frequentam uma Igreja, há medo. Há receio em aderir a fé e fazerem o mesmo. Há também falta de conversão! Conversão daquelas que causam mudança total de vida e deixa o comodismo de lado. Conversão que perdoa e leva a assumir compromisso de restaurar um irmão de fé.

Saliento ainda que há falta de foco dentro dos convívios em comunidades mundo afora. Basta um deslize do cristão "domingueiro" para virar noticia e afastar meia dúzia de gente da assembléia. Não focaram em outros que se doam humildemente por amor a Deus e ao próximo. Deixaram de admirar os que lá estão por puro amor. São verdadeiros exemplos, mas não foram vistos.

Apedrejar sempre será mais fácil, pois se adquire mais curtidas, mais revoltados e adeptos do “eu não preciso sacrificar meu tempo para estar no meio de pessoas pecadoras que se fazem de santo”. Aliás, ninguém se faz santo somente estando dentro da Igreja, pois é na prática fora dela que se registraram as maiores histórias de santidade da Igreja. Lá dentro são todos doentes, contaminados ou apedrejados pelas dores do mundo. Estão lá porque apesar de toda imperfeição que carregam, buscam um olhar de compaixão de Deus. Depositam suas misérias lá dentro daquela Igreja. Buscam a luz! Luz que se faz com amor e perdão.

Não dá para negar que uma vida dupla não é agradável a Deus. Mas, também não dá negar que o “inimigo” fica feliz da vida quando nos vê usando dos erros do outro para não mais participarmos da comunhão e sacramentos que Jesus deixou. É vitoria do inimigo!

Achar culpados não seria a alternativa correta. Porque sair da vida em comunidade por hipocrisia alheia, é ao mesmo tempo deixar de viver o maior mandamento: Amar o próximo como a si mesmo. Lembremo-nos, de que não estamos livres de ser esse hipócrita.

Nossa caminhada é longa e nos ensinará muitas coisas. E só Deus poderá ler o coração de cada hipócrita que frequentou a Igreja no primeiro banco, no ultimo ou fora da Igreja. Vamos deixar nossas pedras e agarrar a paciência e o perdão como instrumentos do cristão.

Catequista: Sandra Fretta Gomes Malagi
Paroquia Sant’ Ana - Laranjeiras do Sul - PR




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