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sexta-feira, 29 de novembro de 2024

A ESPIRITUALIDADE DO CATEQUISTA MISTAGOGO - PARTE 5



Vamos continuar nosso papo sobre Mistagogia?

RESENHA 05
CAPÍTULO V - A espiritualidade do catequista mistagogo

"Fala, Senhor! Teu servo escuta." (1Sm 3,10).

O quinto capítulo reflete sobre a espiritualidade essencial ao catequista, especialmente aquele que exerce seu papel como mistagogo, ou seja, como guia que introduz os catequizandos no mistério de Deus.  

A Espiritualidade como Essência do Ser 

A espiritualidade é descrita como o núcleo profundo do ser humano, representando suas motivações, paixões e a mística que guia sua vida. No contexto do catequista, ela envolve um relacionamento íntimo e dinâmico com Deus, construído a partir da escuta da Palavra, da comunhão com a Igreja e de atitudes pedagógicas.  

O catequista é chamado a uma espiritualidade enraizada no discipulado, que nasce no batismo e se fortalece na oração, nos sacramentos e na vivência comunitária. Essa espiritualidade conduz o catequista a ser alegre, entusiasmado, corajoso e profundamente conectado à Trindade. 

Dimensões da Espiritualidade do Catequista  

1. Oração  

A oração é apresentada como uma necessidade para o catequista, ajudando-o a: 

   - Reconhecer-se como alguém em relação constante com Deus. 

   - Entender a realidade ao seu redor, valorizando as diferenças e os dons. 

   - Compreender sua missão no mundo, na Igreja, na família e no trabalho. 

   - Transformar o cotidiano em um espaço de encontro com Deus.  

Assim, a espiritualidade não é apenas conhecimento, mas um testemunho transformador que brota do amor trinitário e atua na vida dos catequizandos pelo Espírito Santo. 

2. Liturgia  

A liturgia é essencial para o catequista porque: 

   - Une fé, celebração e vida, oferecendo um sentido profundo à prática cristã. 

   - Centraliza-se no Mistério Pascal, rememorando a História da Salvação e promovendo a participação ativa no sacerdócio comum dos fiéis. 

   - Torna-se fonte de santificação e compreensão, capacitando o catequista a viver e transmitir a plenitude da vida cristã.  

A liturgia, como fonte inesgotável de catequese, apresenta uma síntese da fé e da vida cristã.

3. Leitura Orante da Palavra de Deus  

A Leitura Orante é apontada como alimento espiritual essencial, permitindo que o catequista interprete a vida e encontre Deus na realidade do mundo atual. 

   - Por meio dela, o catequista se forma como discípulo missionário e anunciador entusiasta do Evangelho. 

   - É enfatizado que a Leitura Orante não se limita à interpretação da Bíblia, mas busca transformar a fé em prática viva. 

   - A dimensão comunitária da Leitura Orante fortalece o processo formativo, criando um espaço para partilha e crescimento mútuo. 

A Espiritualidade Mariana 

Inspirando-se em Maria, o catequista é chamado a cultivar um relacionamento íntimo com Deus, renovando constantemente seu dinamismo espiritual e apostólico. A espiritualidade mariana torna a catequese mais amorosa, gerando confiança, generosidade e abertura para os mistérios da vida.

 Conclusão 

A espiritualidade do catequista mistagogo é um processo integral que envolve oração, liturgia, escuta da Palavra e inspiração mariana. Ela transforma a catequese em um testemunho vivo do amor de Deus, capacitando o catequista a guiar os outros na descoberta do mistério de Cristo e na vivência concreta da fé. 

Conversando no grupo de catequistas 

a) Uma das características do catequista mistagogo é a intimidade com Deus expressa em oração e celebração tendo por base a Palavra de Deus. Que tempo você dedica para a intimidade com Deus através da oração?

Confesso que não costumo dedicar tanto tempo à oração como gostaria. No entanto, busco diariamente estabelecer uma conexão com Deus por meio da leitura bíblica, especialmente pela manhã, em busca de inspiração e motivação para o meu dia. Às vezes, um único versículo já é suficiente para despertar em mim essa intimidade com Ele.  

Enxergo Deus como um amigo próximo, Pai amoroso e guia fiel, com quem converso ao longo do dia de maneira espontânea, sem depender de fórmulas de oração. Contudo, reconheço que minha vida de oração pode ser mais profunda e estruturada.  

Recentemente, por exemplo, dediquei-me a estudar o método de oração de Santa Teresa de Ávila e seus quatro graus de oração. Identifiquei-me com as dificuldades que ela menciona, especialmente no que se refere à dispersão e à falta de tempo e espaço para a "quietude". Embora comece a rezar com determinação, percebo que ainda não consigo alcançar a “oração da quietude” ou as águas mais profundas de que ela fala.   Apesar dessas limitações, acredito que cada momento dedicado a Deus, mesmo em meio às minhas distrações, é valioso. Por isso, sigo buscando formas de crescer na oração e de criar um espaço em minha vida para uma intimidade mais profunda com Ele.  (Ângela Rocha)

b) Partilhe no grupo sua experiência de oração. 

A oração tem sido uma fonte de grande paz para mim, mas, para realmente me aprofundar nela, preciso de quietude e solidão. Quando consigo me concentrar e me deixar absorver pelo momento, sinto a oração não apenas com o espírito, mas também com os sentidos: a chama da vela parece mais intensa, o aroma do incenso mais profundo.  Vou colocar um texto que escrevi para explicar melhor meus sentimentos: 

O Cheiro, o gosto, o olhar da fé... 

Cada vez que entro em um templo católico, algo toca minha alma. Ao passar pelas grandes portas, adentro silenciosamente o espaço do Senhor, e logo percebo que não são as paredes altíssimas, nem os vitrais que refletem a luz ou o teto grandioso que me fazem respirar profundamente e me prostrar em reverência.  

Não são os passos dolorosos do Senhor na Via Sacra que tocam meu coração, nem os nichos de oração com seus genuflexórios que me convidam a ajoelhar e admirar a devoção dos santos. Não é a dignidade do ambão, a palavra que fala ao povo, ou o altar que se oferece em sacrifício. Não é a luz do sacrário que me lembra que o sonho divino vive para sempre.  

O que me toca, de fato, é a convicção humana de que, através da arte, da beleza e da simbologia, conseguimos chegar à grandeza de Deus. Quando olho um templo com os olhos da fé, não vejo apenas uma construção imponente, mas a grandeza e majestade de Deus refletidas naquela estrutura.  

Para ver isso, é necessário ouvir o silêncio do templo, que nos faz escutar apenas o eco dos nossos passos e o estalar da madeira dos bancos. É necessário sentir o cheiro de Deus que emana das Igrejas, o calor da luz que os vitrais refletem, e o gosto da oração em nossa boca, que se abre em veneração absoluta.  

É preciso perceber que não são os templos que refletem a Igreja Católica, mas sim Deus, que se reflete em nossos templos. Isso é algo que só quem verdadeiramente ama sua Igreja pode compreender.  

Ângela Rocha – Catequista 

(*Escrevi este texto após visitar o templo do Seminário Franciscano Santo Antônio, em Agudos – SP, em 2018.)


Ângela Rocha - Catequista e Formadora
Graduada em Teologia pela PUCPR.

FONTE:

SCHERER, Odilo Pedro; BERTOLDI, Marlene; TOGNERI, Silvia; SILVA, Sérgio; FERREIRA, Nilson Caetano. Mistagogia: novo caminho Formativo de Catequistas. Cap. 5.

VII SULÃO DE CATEQUESE. São José do Rio Preto – SP. 19 a 21 de agosto de 2011.  editor@suliani.com.br

 

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