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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

ORAÇÃO MISTAGÓGICA e CONTEÚDO POR ETAPAS

ORAÇÃO MISTAGÓGICA E CONTEÚDO POR ETAPAS

Algumas dúvidas chegam até nós (e que bom que chegam!), e às vezes, pode ser a dúvida de muitas pessoas.  Fico feliz em responder. Porque, se não sei responder, eu vou buscar e aprender, e depois ajudar é a nossa missão e propósito neste Grupo.

Esta mensagem, tem duas perguntas, vamos respondê-las:


“Desculpe a ignorância, mas... Vi no seu Itinerário o seguinte “memorizar as orações através do método mistagógico”. Você pode me explicar como se faz isso, por favor? Também vocês trabalham na 1ª Etapa: Acolher Jesus, 2ª Etapa: Seguir Jesus, e o 3ª Etapa: Aderir a Jesus. Como se faz essa relação de Seguir Jesus no 2º ano, se o subsídio usado é o livro que trabalha o Antigo Testamento? Quanto mais estudo e vejo as informações postadas aqui, vejo como tenho tanto a aprender”.

Como transformar nossa oração na catequese, em oração “mistagógica”?

Vamos ao Método mistagógico de oração. A oração autêntica é aquela que transforma a pessoa. Para se entregar verdadeiramente à oração a precisa se recolher em si mesma. No mundo de hoje somos projetados para "fora", damos importância demais ao que acontece ao nosso redor e esquecemos de olhar pra dentro da gente. Ao orar com os nossos catequizandos precisamos nos desprender um pouco do "roteiro". Normalmente, chegamos e a primeira coisa que fazemos é pedir que todos se levantem, rezem o Pai Nosso, Ave Maria, Santo Anjo... E, normalmente, esta oração é “vazia”, sem muito significado, exceto fazer as crianças se calarem. Elas estão ali “agitadas”, querendo contar as novidades, conversar com os colegas, etc... E nós queremos que elas calem a boca pra gente começar logo o encontro (risos).

Onde está a “mistagogia” aí? Que condução ao mistério nós fazemos?

A oração é antes de tudo a "busca" de Deus, ela precisa ser pessoal, silenciosa, contemplativa. Aí, esbarramos num porém: crianças não conseguem isso com facilidade! A capacidade de abstração de uma criança é bem pequena. Por isso a importância do ambiente, de uma vela acesa, da bíblia, de incenso, da água benta, do silêncio, respiração pausada, olhos fechados. Então precisamos ensinar as crianças que orar é amar, é criar uma relação de amizade com Deus, onde Ele te escuta e, mesmo sem te responder, age na sua vida.

Nós não “conversamos” com Deus só com a boca ou o pensamento, é preciso voltar-se para Ele com todo nosso ser. Lembrar da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, que, pela bondade do Pai, faz morada em nós. Enfim, é preciso criar o "clima", orar sem dispersar o pensamento. E não é fácil fazer isso com as crianças, como eu disse, elas não tem a capacidade de contemplação de um adulto, é preciso então lembrá-las do "concreto", daquilo que acontece com ela no dia a dia, das suas pequenas e angústias e medos, e lembrá-las que basta fechar os olhos e conversar com Deus, contar e ele em pensamento tudo que acontece, que dá medo, tristeza, e Ele trará paz, tranquilidade, te envolverá com sua manto de amor.

Existem alguns "exercícios" que podem relaxar o corpo e a mente que é possível fazer. Pedir que tirem os sapatos, coloquem a planta dos pés no chão, que sintam a energia que vem da terra, ambiente que Deus criou para nossa morada, que vai subindo devagar pelas pernas, joelhos, estomago, coração até chegar ao cérebro, berço do pensamento; que respirem o ar pausadamente, sentindo o Espírito Santo se mover para dentro e para fora do seu corpo, fechar os olhos e pensar que, mesmo no escuro, Deus segura sua mão. Uma dica: leia o itinerário mistagógico de oração de Santa Tereza D'Avila. Acho que tem também um texto aqui ou no blog sobre mistagogia e oração: "Entra no teu quarto" é título.
Disponível neste link:

Então, não precisa, necessariamente fazer uma oração toda vez que inicia o encontro. Como disse, as crianças já sabem que vão fazer e ficam no automático. Surpreenda-as.

Você pode lembrar a elas que estarão reunidos para um encontro e pedir que façam o sinal da cruz pois estarão ali em nome da Trindade. Um encontro deve começar sempre com uma motivação, algo que desperte curiosidade pelo tema, pode ser uma brincadeira, uma história, uma dinâmica, uma música, um bate papo.

A divisão do conteúdo nas etapas:

As questão de “Acolher Jesus” na 1ª Etapa ou ano, fase, se dá pelo fato de que começamos a catequese "apresentando" Jesus ao catequizando, fazendo-o "acolher" Jesus em seu coração, acreditar nele, e se "converter", mostrando as ações Dele nos Evangelhos. E o "seguimento" só vem depois da conversão, para seguir Jesus é preciso então saber "de onde Ele veio", o que fez com que Deus mandasse à terra seu único filho? Para isso é preciso conhecer a história da salvação contida no Antigo Testamento, que vem na 2ª Etapa/fase/ano. Depois, numa terceira etapa/fase/ano, vem o conhecimento da Igreja, dos sacramentos, da Liturgia, ou seja, ali é que se "adere" realmente à causa maior de Jesus, o "Reino de Deus". É trabalhando na comunidade ajudando aos outros e sendo discípulo missionário que se adere de verdade à fé.

Jesus veio para fazer uma "Revelação", que somente por Ele se chega ao Pai. É por meio dos ensinamentos de Jesus que chegamos ao Pai, bondoso, amoroso, que perdoa e cura. Se começarmos a catequese pelo Antigo Testamento, que Deus os catequizandos conhecerão primeiro? Aquele Deus dos patriarcas, exigente e que castiga o homem pelos seus erros, muitas vezes, até sem piedade? Será que é este Deus que converte? Não seria melhor primeiro aprender de Jesus o quanto o Pai é bom e só depois conhecer a caminhada do povo escolhido?

“Na escola aprendi que o Antigo Testamento é muito importante, pois Jesus veio para dar continuidade a ele, e algumas pessoas acham que é inútil falar em Antigo Testamento na catequese, que ninguém entende, que é difícil”.

Inútil não é de forma alguma! Só que é preciso dar o "foco" que se deve, à luz de hoje, do mundo de hoje, da pedagogia de hoje. Por exemplo, ao falar do Gênesis, valorizar a criação, a natureza, os animais e os homens criados por Deus. Ao citar os patriarcas estamos falando de um povo "escolhido" por Deus, de Abraão, de Moisés, que deixaram tudo que tinham por "confiança" em Deus; Juízes, reis, como as várias tentativas de se juntar um povo em torno de uma mesma fé; e os profetas como aqueles que vinham preparando o caminho para a chegada do Messias. Tudo tem importância. Claro que algumas leituras são mesmo muito difíceis de entender e podem ser deixadas para quando houver mais maturidade.

Outra coisa, por tradição e respeito, os Mandamentos são uma das bases da nossa fé. Como não falar de como eles foram passados ao homem? Lembra de Jesus com os discípulos de Emaús? Ele falava e "explicava" as Escrituras. Que escrituras? O Pentateuco (Torá), os profetas, alguns livros proféticos, poéticos. E ainda Jesus falando: ele não veio para desfazer as leis e sim para acrescentar uma nova: o amor.

Ângela RochaCatequista e Formadora
Graduada em Teologia pela PUCPR.




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