Olá
Já tinha me sentido triste quando li o seu e-mail Andréia, e esse agora da Angela, me fez ficar mais triste ainda. Nossos adolescentes estão sozinhos, abandonados, ninguém quer gastar tempo com eles, a maioria dos catequistas não quer estar com eles, pois eles dão trabalho, eles questionam, eles exigem, eles impõem, não querem nossos conceitos, não querem se enquadrar em nossos moldes, não querem essas coisas pré-montadas que queremos que eles aceitem....
O que eles querem? Serem aceitos, serem ouvidos, serem valorizados, e principalmente serem amados!!! Meus catequizandos, meus sim, porque eu os conquistei, eu os cativei, eu dedico muito do meu tempo a eles, por eles me formo, por eles me dedico, me entrego. A catequese que fazemos (eu e eles) é para que sejamos cristãos no mundo e não dentro apenas da Igreja. Deus está ali no meio de nós, se revelando em cada pequeno gesto nosso.
Isso dá trabalho para acontecer? Dá... São noites mal dormidas, são perguntas exigindo respostas, é uma busca sem fim....é olhar para Deus e dizer: e agora Senhor o que faço? É calar para o Espírito Santo agir. Mas tudo compensa com a alegria da presença deles constante nos encontros, com a ânsia que tem em saber como construir um mundo diferente, como fazer para lidar com o mundo, sem se matar, sem se mutilar, sem se contaminar, com pais ausentes, sem paciência, sem jeito pra lidar com eles, como farão para escapar das drogas, das bebidas, do sexo fácil.....
Esse são os adolescentes que chegam até nós, lidar com eles, com certeza não tem receita pronta em livros, mas tem no escutar, dar as mãos, parar, questionar, responder perguntas, estar aberto para acolhê-los. Por isso minha querida Andréia e Angela, tentem olhá-los de outro jeito, ir além das aparências, os das frases feitas que eles falam, do seu aparente desinteresse, primeiro temos que conquistá-los, depois fica tão mais fácil falar de amor, falar de Deus.
Andréia, comece tudo de novo com eles, não faça contagem regressiva para o final do ano, aproveite esse tempo que lhe resta para amar e ser amada, para revelar Deus e seu amor. Ângela, se Deus quiser você vai tirar esse amargo que ficou dessa experiência. Quanto ao resultado minha querida Angela, o Espírito sopra onde quer, só trago em mim a certeza de que não estou jogando pérolas aos porcos. Quanto aos "meus" catequizandos, pode até ser que saiam da Igreja, e se assim for, é porque a Igreja não estava preparada para recebê-los. E eu vivo essa realidade dentro da minha casa com meus filhos, e pra mim não é o fim do mundo e nem penso que eu ou as catequistas deles jogamos pérolas fora, não me soa bem dizer que na catequese muitas vezes "jogamos pérolas aos porcos".
Acredito que semeamos, e que as sementes estão brotando aqui e acolá, quem sabe um dia brotam na igreja... Quanto a catequese ser para adultos ou não, penso também que a catequese tem espaço pra todo mundo: pra crianças, pra adolescentes, pra jovens, pra adultos, pra terceira idade, basta que nós, enquanto igreja, aceitemos dar um passo de cada vez e aceitemos florescer onde Deus nos colocar. Escrevi com o coração e no ardor da emoção, não vou reler esse e-mail pra não tirar o sentimento que me causou os e-mails, por isso espero de coração que minha resposta seja compreendida, acolhida, refletida até, mas não julgada.
Rosangela – Londrina PR
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