“Encontramos o Senhor” (Jo 1,41)
O segundo capítulo do Documento
do VII Sulão, intitulado "Quem encontra Cristo, anuncia a Cristo",
centra-se na dinâmica do encontro transformador com Jesus e na missão de
anunciá-lo como resposta natural e entusiástica dessa experiência. Baseando-se
no Evangelho de João, especialmente na narrativa do chamado de Filipe e
Natanael (Jo 1,41-51), o texto reflete a essência do discipulado e a missão
evangelizadora como fruto de uma experiência pessoal com Cristo.
Aspectos Positivos
O capítulo apresenta uma visão
rica e profundamente pastoral sobre o seguimento de Cristo. Ele destaca que o
chamado de Jesus é universal, pessoal e transformador, o que ressoa com a
missão da Igreja de ser comunidade viva e missionária. A narrativa bíblica,
utilizada como base, é bem explorada, demonstrando como o encontro com Cristo
gera uma inquietação que impulsiona ao testemunho e à formação de novos
discípulos.
Além disso, o texto enfatiza que
o papel do catequista vai além da transmissão de doutrina; é um convite a uma
experiência pessoal com Cristo que transforma integralmente a vida. Essa
abordagem supera uma visão meramente funcional da catequese, apontando para sua
dimensão formativa e espiritual. Ao propor que o catequista viva intensamente o
que ensina, o documento exalta a coerência entre fé e vida, um ponto central na
evangelização contemporânea.
Outro destaque está na
compreensão do "vem e vê". Este convite simples ganha um
significado profundo no texto, indo além da curiosidade inicial e levando ao
comprometimento com Cristo e sua comunidade. A reflexão sobre a necessidade de
uma comunidade formativa também é pertinente, pois reforça o papel da Igreja
como espaço de crescimento na fé e na missão.
Pontos críticos
Embora o capítulo apresente uma
abordagem teologicamente rica e pastoralmente sensível, em alguns momentos pode
soar idealista, especialmente quando trata da figura do catequista como alguém
plenamente transformado e entusiasmado. Na prática, catequistas enfrentam
desafios como desânimo, falta de formação adequada e desgaste diante das
dificuldades da missão. Seria enriquecedor se o texto abordasse de forma mais
realista essas dificuldades e propusesse caminhos concretos para lidar com
elas.
Outro ponto que poderia ser
melhor desenvolvido é a relação entre o chamado individual e os contextos
culturais e sociais nos quais o discípulo está inserido. Embora o texto
mencione a necessidade de "reinvenção" da comunidade, faltam exemplos
práticos de como isso pode ocorrer em realidades complexas e desafiadoras, como
as periferias ou regiões secularizadas.
Contribuição para a Catequese
O capítulo oferece uma
contribuição valiosa para a catequese, especialmente no que se refere à
formação de catequistas como discípulos missionários. Ele reforça que o anúncio
de Cristo deve partir de uma vivência profunda da fé, um chamado à autenticidade
no ministério catequético. Além disso, a insistência na centralidade da
comunidade como espaço formativo aponta para uma catequese mais integral e
menos individualista.
Conclusão
O capítulo II do Documento do VII
Sulão apresenta uma reflexão rica e inspiradora sobre o chamado ao discipulado
e à missão evangelizadora. Ele ressalta que o encontro com Cristo não é apenas
um evento transformador pessoal, mas também um impulso para a evangelização
comunitária. Apesar de seu tom idealista em alguns momentos, o texto é uma
fonte valiosa de inspiração para catequistas e agentes de pastoral,
desafiando-os a viver e testemunhar uma fé vibrante e comprometida com a
transformação pessoal e social.
Conversando no grupo de catequistas
a) Partilhar as alegrias e
dificuldades em responder ao chamado que Jesus lhe faz.
Responder ao chamado de Jesus
é um caminho repleto de significados, tanto de alegrias quanto de desafios.
Entre as alegrias, destaca-se o profundo sentimento de realização que surge ao
trabalhar na evangelização. Poder partilhar a fé é uma experiência que traz
esperança, pois contribui para a formação de crianças na fé, preparando-as para
serem adultos comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e
responsável.
Descobrir os tesouros que a
Igreja Católica preserva em sua tradição e doutrina também é uma fonte de
inspiração. É uma alegria saber que essa riqueza espiritual pode ser
transmitida às novas gerações. Além disso, o encontro pessoal com Cristo e a
escuta da voz interior do Espírito Santo trazem coragem e perseverança para
enfrentar o novo, mantendo viva a luta por um mundo melhor.
No entanto, as dificuldades
não são poucas. Vivenciar a pastoral na comunidade é um desafio, especialmente
pela falta de uma consciência coletiva de unidade em torno de um objetivo
comum: espalhar a Palavra de Jesus. Muitas vezes, percebe-se uma espécie de
competição ou até mesmo inveja entre os agentes pastorais, dificultando o
trabalho em conjunto.
Além disso, trazer o novo para
a comunidade é, frequentemente, motivo de rejeição. Há um certo medo das
mudanças, uma resistência que dificulta a inovação necessária para acompanhar
os tempos. Os párocos, muitas vezes, centralizam as decisões, limitando a
participação ativa dos leigos, reflexo de uma clericalização ainda presente na
Igreja.
Outro obstáculo significativo
é o apego ao passado, que impede avanços, somado às dificuldades enfrentadas
pelas famílias desestruturadas e pouco iniciadas na fé, o que fragiliza a base
para a formação cristã.
Entre alegrias e desafios, o
chamado de Jesus exige confiança e dedicação. É um caminho que transforma,
tanto quem o percorre quanto aqueles que são alcançados pela mensagem de amor e
esperança que ele propõe.
b) Rezar a coragem de poder
dar uma resposta generosa ao chamado de Jesus.
Para responder ao pedido de
"rezar a coragem de poder dar uma resposta generosa ao chamado de
Jesus", podemos fazer uma oração que reflita os sentimentos de entrega,
coragem e confiança no plano de Deus. Essa oração pode ser feita
individualmente ou em grupo, ajudando a reforçar o compromisso de seguir a
Cristo com confiança e generosidade.
FONTE:
SCHERER, Odilo
Pedro; BERTOLDI, Marlene; TOGNERI, Silvia; SILVA, Sérgio; FERREIRA, Nilson
Caetano. Mistagogia: novo caminho Formativo de Catequistas. Cap. 2. VII
SULÃO DE CATEQUESE. São José do Rio Preto – SP. 19 a 21 de agosto de
2011. editor@suliani.com.br
Um comentário:
Estou com um desafio bem grande neste ano, estou com 2 crianças autistas e tenho receio de não conseguir atingi-las. O desafio é grande.
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