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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

MISTAGOGIA: "QUEM ENCONTRA CRISTO, ANUNCIA A CRISTO" - PARTE 2


Vamos continuar nossos estudos sobre "Mistagogia: Caminho formativo", documento do VII Sulão de Catequese. Desta vez vamos falar sobre o capítulo 2 do documento.

RESENHA 02 - CAPÍTULO II
Quem encontra Cristo, anuncia a Cristo

“Encontramos o Senhor” (Jo 1,41)

O segundo capítulo do Documento do VII Sulão, intitulado "Quem encontra Cristo, anuncia a Cristo", centra-se na dinâmica do encontro transformador com Jesus e na missão de anunciá-lo como resposta natural e entusiástica dessa experiência. Baseando-se no Evangelho de João, especialmente na narrativa do chamado de Filipe e Natanael (Jo 1,41-51), o texto reflete a essência do discipulado e a missão evangelizadora como fruto de uma experiência pessoal com Cristo.

Aspectos Positivos 

O capítulo apresenta uma visão rica e profundamente pastoral sobre o seguimento de Cristo. Ele destaca que o chamado de Jesus é universal, pessoal e transformador, o que ressoa com a missão da Igreja de ser comunidade viva e missionária. A narrativa bíblica, utilizada como base, é bem explorada, demonstrando como o encontro com Cristo gera uma inquietação que impulsiona ao testemunho e à formação de novos discípulos. 

Além disso, o texto enfatiza que o papel do catequista vai além da transmissão de doutrina; é um convite a uma experiência pessoal com Cristo que transforma integralmente a vida. Essa abordagem supera uma visão meramente funcional da catequese, apontando para sua dimensão formativa e espiritual. Ao propor que o catequista viva intensamente o que ensina, o documento exalta a coerência entre fé e vida, um ponto central na evangelização contemporânea. 

Outro destaque está na compreensão do "vem e vê". Este convite simples ganha um significado profundo no texto, indo além da curiosidade inicial e levando ao comprometimento com Cristo e sua comunidade. A reflexão sobre a necessidade de uma comunidade formativa também é pertinente, pois reforça o papel da Igreja como espaço de crescimento na fé e na missão.

Pontos críticos

Embora o capítulo apresente uma abordagem teologicamente rica e pastoralmente sensível, em alguns momentos pode soar idealista, especialmente quando trata da figura do catequista como alguém plenamente transformado e entusiasmado. Na prática, catequistas enfrentam desafios como desânimo, falta de formação adequada e desgaste diante das dificuldades da missão. Seria enriquecedor se o texto abordasse de forma mais realista essas dificuldades e propusesse caminhos concretos para lidar com elas. 

Outro ponto que poderia ser melhor desenvolvido é a relação entre o chamado individual e os contextos culturais e sociais nos quais o discípulo está inserido. Embora o texto mencione a necessidade de "reinvenção" da comunidade, faltam exemplos práticos de como isso pode ocorrer em realidades complexas e desafiadoras, como as periferias ou regiões secularizadas. 

Contribuição para a Catequese 

O capítulo oferece uma contribuição valiosa para a catequese, especialmente no que se refere à formação de catequistas como discípulos missionários. Ele reforça que o anúncio de Cristo deve partir de uma vivência profunda da fé, um chamado à autenticidade no ministério catequético. Além disso, a insistência na centralidade da comunidade como espaço formativo aponta para uma catequese mais integral e menos individualista. 

Conclusão 

O capítulo II do Documento do VII Sulão apresenta uma reflexão rica e inspiradora sobre o chamado ao discipulado e à missão evangelizadora. Ele ressalta que o encontro com Cristo não é apenas um evento transformador pessoal, mas também um impulso para a evangelização comunitária. Apesar de seu tom idealista em alguns momentos, o texto é uma fonte valiosa de inspiração para catequistas e agentes de pastoral, desafiando-os a viver e testemunhar uma fé vibrante e comprometida com a transformação pessoal e social.

Conversando no grupo de catequistas

a) Partilhar as alegrias e dificuldades em responder ao chamado que Jesus lhe faz.

Responder ao chamado de Jesus é um caminho repleto de significados, tanto de alegrias quanto de desafios. Entre as alegrias, destaca-se o profundo sentimento de realização que surge ao trabalhar na evangelização. Poder partilhar a fé é uma experiência que traz esperança, pois contribui para a formação de crianças na fé, preparando-as para serem adultos comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e responsável. 

Descobrir os tesouros que a Igreja Católica preserva em sua tradição e doutrina também é uma fonte de inspiração. É uma alegria saber que essa riqueza espiritual pode ser transmitida às novas gerações. Além disso, o encontro pessoal com Cristo e a escuta da voz interior do Espírito Santo trazem coragem e perseverança para enfrentar o novo, mantendo viva a luta por um mundo melhor. 

No entanto, as dificuldades não são poucas. Vivenciar a pastoral na comunidade é um desafio, especialmente pela falta de uma consciência coletiva de unidade em torno de um objetivo comum: espalhar a Palavra de Jesus. Muitas vezes, percebe-se uma espécie de competição ou até mesmo inveja entre os agentes pastorais, dificultando o trabalho em conjunto. 

Além disso, trazer o novo para a comunidade é, frequentemente, motivo de rejeição. Há um certo medo das mudanças, uma resistência que dificulta a inovação necessária para acompanhar os tempos. Os párocos, muitas vezes, centralizam as decisões, limitando a participação ativa dos leigos, reflexo de uma clericalização ainda presente na Igreja. 

Outro obstáculo significativo é o apego ao passado, que impede avanços, somado às dificuldades enfrentadas pelas famílias desestruturadas e pouco iniciadas na fé, o que fragiliza a base para a formação cristã. 

Entre alegrias e desafios, o chamado de Jesus exige confiança e dedicação. É um caminho que transforma, tanto quem o percorre quanto aqueles que são alcançados pela mensagem de amor e esperança que ele propõe.

b) Rezar a coragem de poder dar uma resposta generosa ao chamado de Jesus.

Para responder ao pedido de "rezar a coragem de poder dar uma resposta generosa ao chamado de Jesus", podemos fazer uma oração que reflita os sentimentos de entrega, coragem e confiança no plano de Deus. Essa oração pode ser feita individualmente ou em grupo, ajudando a reforçar o compromisso de seguir a Cristo com confiança e generosidade.

Oração do chamado

Senhor Jesus, Tu que nos chamaste pelo nome,
que conheces o mais íntimo do nosso coração,
dá-nos a coragem de dizer "sim" ao Teu chamado.
Fortalece-nos na fé quando sentimos medo,
renova nossa esperança quando vacilamos,
e enche-nos de amor para seguirmos os Teus passos.
Que possamos responder com generosidade,
sem medir esforços, sem temer desafios,
com o coração aberto e cheio de confiança
na Tua presença que nos sustenta.
Concede-nos, Senhor, a graça de sermos testemunhas do Teu amor,
levando luz onde há trevas, paz onde há conflitos,
E esperança onde há desespero.
Ajuda-nos a viver como discípulos missionários,
capazes de transformar o mundo com a força do Teu Espírito.
Que o nosso "sim" ecoe na vida daqueles que nos rodeiam,
e que, pelo nosso testemunho, mais corações se aproximem de Ti.

Amém.


Ângela Rocha - Catequista e Formadora
Graduada em Teologia pela PUCPR.

FONTE:

SCHERER, Odilo Pedro; BERTOLDI, Marlene; TOGNERI, Silvia; SILVA, Sérgio; FERREIRA, Nilson Caetano. Mistagogia: novo caminho Formativo de Catequistas. Cap. 2. VII SULÃO DE CATEQUESE. São José do Rio Preto – SP. 19 a 21 de agosto de 2011.  editor@suliani.com.br

 

Um comentário:

Anônimo disse...

Estou com um desafio bem grande neste ano, estou com 2 crianças autistas e tenho receio de não conseguir atingi-las. O desafio é grande.