"Boa tarde, gostaria de saber se os recursos do dízimo mirim ficam para a paróquia ou para a catequese? Outra dúvida: ao terminar as turmas, as crianças ainda ficam com o cofrinho ou envelopes, e a cada turma vai renovando é assim? Queremos implantar na paroquia mas, tenho muitas dúvidas. Grata desde já".
Referente ao quinto mandamento da Igreja, “Ajudar a Igreja em suas necessidades”, o dízimo tem a finalidade de “organizar o culto divino, prover o sustento do clero e dos demais ministros, praticar obras de apostolado, de missão e caridade, principalmente em favor dos pobres!”, como recorda o documento “O Dízimo na Comunidade de Fé – Orientações e Propostas”, publicado pela CNBB, em 2016.
O que o Catecismo diz é o seguinte (§2043): “Os fiéis cristãos têm ainda a obrigação de atender, cada um segundo as suas capacidades, às necessidades materiais da Igreja”.
O Código de Direito Canônico diz: Cânon 222 § 1. “Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade e para o honesto sustento dos ministros”.
DE ONDE SURGIU O DÍZIMO?
De acordo com o Antigo Testamento, o dízimo surgiu com a Lei de Moisés, que previa o pagamento obrigatório de 10% dos rendimentos dos fiéis - seja em forma de bens, mantimentos ou produtos agrícolas – para auxiliar órfãos, viúvas e pobres, além de manter a tribo de Levi e os sacerdotes, já que eles não podiam possuir qualquer bem material.
Hoje, o dízimo é uma doação regular e proporcional, considerado compromisso que todo batizado deve assumir. Apesar dos fiéis manifestarem sua fé em Deus através dessa colaboração, o caminho que a doação segue na administração da paróquia, muitas vezes, é desconhecido, o que provoca um pouco de desconfiança.
PARA ONDE VAI O DÍZIMO HOJE?
Para as atividades da paróquia!
A doação mensal do dízimo é o que auxilia a organização pastoral na comunidade, na paróquia e na diocese. Todo o valor é investido na igreja, já que, na maioria das vezes, não há uma fonte de renda. O valor total é dividido em seis áreas:
Litúrgica: despesas com o culto, entre elas as toalhas, velas, flores, folhas, luz, água, vinho, hóstias, entre outros.
Pastoral: para manter a catequese, realização de retiros, compra de livros e produção de cartazes.
Comunitária: é a remuneração passada aos padres, funcionários, diocese, manutenção e limpeza do prédio, da casa paroquial, da secretaria e outros espaços.
Social: auxílio dado a pobres, idosos, crianças, dependentes químicos e quem estiver em necessidade.
Missionária: colaboração com as paróquias pobres da diocese e até mesmo de outras dioceses.
Vocacional: dirigido para o atendimento vocacional, que é a formação de lideranças, como padres, ministros e catequistas.
Em termos de Igreja Católica, a função do dízimo é clara, pois, o cânone 222 do Código de Direito Canônico assim dispõe:
“Cân. 222 — § 1. Os fiéis têm a obrigação de prover às necessidades de Igreja, de forma que ela possa dispor do necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade, e para a honesta sustentação dos seus ministros.
§ 2. Têm ainda a obrigação de promover a justiça social e, lembrados do preceito do Senhor, de auxiliar os pobres com os seus próprios recursos”.
A seguir um texto sobre o Dízimo Mirim:
O DÍZIMO MIRIM
As crianças precisam aprender desde pequenas que o dízimo é um gesto de amor, de partilha e de gratidão a Deus para que, quando forem adultas e já possam contribuir com seu dízimo, elas o façam como expressão de fé em Deus.
Portanto, torná-las comprometidas com o Reino de Deus é o objetivo do dízimo mirim. É um tema que não pode deixar de ser tocado durante a catequese, pois, se entendemos que o dízimo é um compromisso de todo batizado, devemos ensinar isso às crianças desde cedo.
A maioria das crianças conversa com seus pais sobre tudo o que experimentam na vida e podemos ter certeza que ao evangelizar as crianças sobre a partilha dos bens alcançaremos também seus familiares.
Neste sentido, elas transmitirão a seus pais o ensinamento que receberam sobre a importância do dízimo como expressão de fé e amor a Deus, e aos poucos teremos famílias cada vez mais comprometidas com a evangelização e com o senso de pertença à Igreja que se dá também pela contribuição ao dízimo.
Da mesma forma que os adultos, as crianças são parte da comunidade e por isso devem se sentir acolhidas e responsáveis por ela. E para que isso aconteça elas precisam receber orientações a esse respeito e a forma propícia para isso é, por meio da catequese.
As crianças de hoje são o futuro e, por isso, precisam saber que elas também podem contribuir para o sustento da Casa de Deus. O dízimo mirim poderá despertar em seus corações o sentido da partilha, do amor ao próximo, do cuidado com a comunidade e com a manutenção da igreja da qual fazem parte.
O Livro de Provérbios diz: “Ensina à criança o caminho que ela deve trilhar e ela nunca se esquecerá dele” (Pr 22,6). Neste sentido, dando formação às crianças sobre a importância do dízimo, colaboramos para que se tornem adultos cada vez mais comprometidos com a Igreja.
Preparar nossos catequistas no sentido de conscientizar e implantar o dízimo mirim é fundamental quando se pretende fornecer uma catequese integral e verdadeira aos nossos catequizandos. É indispensável que as crianças compreendam porque devemos ser gratos a Deus e que o dízimo é um gesto concreto de gratidão a Ele por todas as graças que recebemos.
Também as crianças precisam tomar consciência de que o dízimo não deve ser partilhado a partir do que nos sobra, mas que o dízimo deve ser resultado de uma renúncia particular: “Deixar de comprar um doce, uma roupa ou um brinquedo para partilhar o dízimo”, por exemplo.
Se colocarmos no coração dos pequenos e dos jovens a importância e a necessidade da contribuição consciente e generosa com o dízimo, a longo prazo, conseguiremos também conscientizar os adultos, fazendo com que a maior parte dos batizados assumam a sua missão enquanto dizimistas como expressão de fé, amor a Deus e colaboradores do seu Reino de Justiça e de Paz.
Celso de Jesus Ribeiro
Coordenador da Pastoral Diocesana do Dízimo – Piracicaba SP.
Alguns aspectos a se considerar sobre o DÍZIMO DAS CRIANÇAS:
- O Dízimo das crianças, não pode ser um “dízimo catequético”. Pois o “dízimo”, mesmo sendo uma contribuição feita pelos catequizandos, deve ser recolhido ao financeiro da Paróquia.
- O cadastro do Dízimo “Mirim”, deve fazer parte do cadastro do Dízimo da Paróquia.
- A Coordenação da Catequese não tem que manter um “financeiro” para recolher o dízimo dos catequizandos.
- Envelopes, carnês, cofrinhos ou o que quer que seja, deve ser iniciativa paroquial e não só da catequese.
Um texto que esclarece um pouco as coisas:
DINHEIRO É ASSUNTO SÉRIO... MAS, NÃO É ASSUNTO DA CATEQUESE!
FINANCEIRO NA CATEQUESE??
Já observei em várias conversas com catequistas aí pelo Brasil afora, que existe nas coordenações de catequese o serviço ou a função de TESOURARIA ou FINANCEIRO. A catequese se "vira como pode" nas paróquias e angaria recursos para se sustentar, seja por meio de “dízimo catequético” ou outras ações: rifas, sorteios, etc.
Para esclarecer: cabe à ADMINISTRAÇÃO DA PAROQUIA se preocupar se tem dinheiro ou não para manter as várias pastorais. E a catequese é uma delas (senão, a principal delas) na dimensão evangelizadora.
Dentre as dimensões de custos, que o DÍZIMO deve cobrir na paróquia, está a dimensão EVANGELIZADORA (Missionária), onde se encontra a Pastoral Catequética.
Claro que existem custos com material de expediente, material didático catequético, livros, etc., mas, não cabe à coordenação da catequese a gestão de fundos para custear isso!
Mesmo porque o serviço da catequese é "ensino da fé", é serviço de evangelização e serviço missionário. O Dízimo da paróquia é para isso. Inclusive o Dízimo Catequético ou "Mirim". Quando se implanta "Dízimo catequético" a função dele não é cobrir custos da catequese e sim, levar os catequizandos a conhecer o Dízimo e sua função no Templo. Se, desde pequenos eles aprenderem que é uma "partilha", quando crescerem terão essa consciência.
E falando "legalmente", todo recurso que entra na paróquia deve ser contabilizado, pois a paróquia deve prestar contas à diocese a que pertence, já que uma porcentagem destes valores sustenta as dioceses, que não tem "fiéis" para recolher dízimo e tem, também, seus custos. Quando não passa pelo sistema de caixa da paróquia este recurso, é como se estivéssemos fazendo "Caixa 2", portanto, "sonegando" valores a quem de direito. Como bem disse nosso mestre: “A César o que é de César...".
A Equipe de coordenação tem, é óbvio que levar ao pároco estes custos, as informações a respeito de gastos, mas, isso pode ser feito pelo (a) coordenador (a) que é a ligação da pastoral com o pároco. De forma alguma o pároco pode se negar a cobrir despesas de evangelização. Ele bem o sabe como administrador da paróquia.
"Dinheiro" é, e tem que ser, a menor das preocupações dos catequistas. Além de cuidar da evangelização e ter que gerir praticamente uma "escola", é demais querer que os catequistas ainda se preocupem se vão ter dinheiro para comprar material, não acham?
Agora, se a catequese vive "inventando" lembrancinha pra tudo quanto é data, o custo disso é alto, e é claro, o conselho econômico da paróquia vai vetar e querer ver a catequese "pelas costas". A catequese não é escola e não precisa imitar a escola nisso. "Lembrancinhas" tem que ter uma razão de ser, um motivo evangelizador e não social.
Outra coisa, se a catequese cobra "taxas", quem tem que receber isso é a Secretaria Paroquial, que tem um sistema de caixa para isso. Também não é "proibido" aos catequistas ajudarem nas promoções para angariar fundos para a paróquia ou fomentar o dízimo junto às famílias dos catequizandos... E nem ser dizimista!
Infelizmente temos a cultura de que correto, sempre parece mais difícil, então todo mundo sempre quer dar um jeitinho na coisa, não é mesmo? O que discutimos aqui é uma norma da Igreja, está no Código de Direito Canônico, que é a lei que rege nossa Igreja. Obviamente o Dízimo não é Obrigatório na Igreja Católica, mas, um dever do cristão. E que, no entanto, como nas diversas situações no Brasil, muitos preferem ignorar.
Nós somos Catequistas, responsáveis pela evangelização na nossa Igreja. Para gerir os custos da paróquia existe um Conselho para assuntos econômicos e o pároco está ciente disse. E para isso existe o Dízimo, que é para custeio da evangelização, também.
Existem também várias promoções que a Paróquia faz e que cada catequista pode ajudar a promover. Se a equipe de catequese ajuda a paróquia, por que a paróquia não ajudaria a catequese? E é função da equipe de coordenação da catequese, planejar as despesas antecipadamente e levar ao pároco, assim ele estará ciente do que é preciso para cobrir os custos. O coordenador(a), junto com a(o) secretária(o), podem perfeitamente fazer uma lista do que vão precisar de material pedagógico/catequético durante o ano e passar ao pároco, não podem? Sem contar que a Coordenação da Catequese deve participar das reuniões do CPP, Conselho Pastoral paroquial, onde pode levar as necessidades da pastoral ao conhecimento de todas as lideranças.
É preciso trabalhar a Evangelização juntos, em Unidade e não separadamente como se cada pastoral fosse uma empresa.
Ângela Rocha
Catequista e Formadora
Graduada em Teologia pela PUCPR.
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