GESTOS E ATITUDES NA MISSA
(Para Catequese - Etapa da Eucaristia)
Certo dia, um leproso, vendo Jesus prostrou-se com a face em terra e dirigiu-lhe esta súplica: ‘Senhor, se queres, tu podes curar-me!’ Então Jesus, estendendo-lhe a mão, tocou-o, dizendo: ‘Eu quero. Fica purificado!’ E imediatamente a lepra o deixou”. (Lc 5, 12-13).
O Significado dos Gestos na Missa:
A religião assume o homem todo, corpo e alma. Por isso, rezamos também com o corpo, usando palavras e gestos. A Missa é o louvor visível do Povo de Deus, e cada gesto possui um significado específico, que expressa nossa fé e disposição interior.
O Missal Romano (nn.42-44) orienta sobre os gestos e posturas adequados na celebração da missa, buscando promover uma liturgia harmônica e respeitosa, refletindo a simplicidade e sobriedade do rito romano. As posturas, como ficar em pé, sentar-se e ajoelhar-se têm um significado litúrgico que guia a participação dos fiéis.
A
Instrução Geral do Missal Romano (IGMR 42-43) também descreve outros gestos
específicos, como a inclinação do corpo, que expressa reverência ao altar e ao
nome de Jesus. É importante observar que esses gestos buscam expressar unidade
e reforçar o sentido comunitário da liturgia, destacando o valor de uma
participação coletiva e integrada dos fiéis. Vejamos:
Sentado:
Sentar é uma posição
cômoda, apropriada para ouvir as Leituras e a homilia com atenção e
tranquilidade. Representa quem escuta com satisfação, sem pressa, permitindo a
meditação da Palavra. Na Missa, ficamos sentados durante:
-
A Liturgia da Palavra (Leitura e Salmo).
-
A homilia.
- A preparação das ofertas (momento do ofertório).
Em pé:
A
posição em pé expressa atenção, respeito e prontidão. Desde o início da Igreja,
é a posição do "orante", aquele que ora com o coração aberto e
disposto a obedecer. Na Bíblia, é dito: "Quando vos puserdes em pé para
orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe..." (Mc 11,
25). Na Missa, ficamos em pé:
-
No início, durante o canto de entrada.
-
No ato penitencial e no Glória.
-
Na proclamação do Evangelho.
-
Na Oração dos Fiéis e nas respostas ao sacerdote.
-
Na Oração Eucarística, até o momento da consagração.
- Durante a oração do Pai-Nosso e na comunhão.
De
joelhos:
Ajoelhar-se
indica reverência e adoração. Na Igreja primitiva, era uma posição de
penitência; hoje, é comumente usada diante do Santíssimo Sacramento e
durante a consagração. São Paulo diz: "Ao nome de Jesus, se dobre todo
joelho..." (Fl 2, 10). Na Missa, ajoelhamos:
-
Durante a consagração (nos momentos em que o pão e o vinho se tornam o Corpo e
Sangue de Cristo).
-
Na oração após a comunhão (em muitas comunidades, como gesto de adoração e
agradecimento).
Genuflexão:
A genuflexão é um gesto de adoração a Jesus presente na Eucaristia. Fazemos uma genuflexão ao entrar e ao sair da igreja, caso haja o sacrário com o Santíssimo Sacramento. Na Sexta-Feira Santa, a genuflexão diante do crucifixo é em sinal de adoração a Jesus crucificado.
Inclinação:
A
inclinação expressa grande respeito e, diante do Santíssimo, é um sinal de
adoração. Na Missa, fazemos uma leve inclinação:
-
Ao receber a bênção final.
-
Antes de comungar, como sinal de reverência ao Corpo e Sangue de Cristo.
Procissão:
As
procissões reforçam nossa caminhada espiritual e lembram que somos uma Igreja
peregrina, sempre em busca da comunhão com Deus. Durante a celebração, temos
diversos momentos de procissão. Durante esses momentos de procissão na Missa, a
postura dos fiéis varia:
-
Procissão de entrada: No início da Missa, com a entrada do sacerdote e dos
ministros (em pé).
-
Procissão do Evangelho (ou da Bíblia): Quando o Evangelho é levado ao ambão
para ser proclamado, os fiéis estão em pé. Este gesto de ficar em pé expressa
respeito e prontidão para ouvir a Palavra de Deus. A assembleia permanece em pé
durante toda a proclamação do Evangelho.
-
Procissão das ofertas: Durante a procissão em que os dons de pão e vinho são
levados ao altar, os fiéis estão sentados. Este é um momento de espera e
preparação para a Oração Eucarística. Assim que as ofertas chegam ao altar e o
sacerdote começa a oração sobre as oferendas, a assembleia é convidada a se
levantar.
- Procissão da Comunhão: Na hora de receber a Eucaristia, os fiéis aproximam-se do altar em procissão, em pé, como sinal de prontidão e respeito para acolher Jesus no Sacramento. Recebemos a Comunhão em pé, e, antes de comungar, é feita uma inclinação como sinal de reverência ao Corpo e Sangue de Cristo. Ao voltarmos ao banco nos ajoelhamos para a oração de gratidão pela comunhão.
Mãos levantadas:
Esta
é a postura de quem suplica e entrega-se a Deus. O sacerdote frequentemente
eleva as mãos durante a Oração Eucarística e em momentos de intercessão. É
atitude dos ''orantes''.
-
Essa é uma questão que pode variar conforme a orientação litúrgica de cada
diocese ou paróquia. Tradicionalmente, o gesto de elevar as mãos durante a
oração do Pai Nosso é reservado ao sacerdote, que representa Cristo na
liturgia. Ele eleva as mãos em sinal de súplica e intercessão pela assembleia. A
Instrução Geral do Missal Romano não especifica que os fiéis devam levantar as
mãos nessa oração; por isso, é comum que muitos permaneçam com as mãos postas
em oração. Entretanto, em algumas comunidades, os fiéis também adotam a prática
de elevar as mãos, ou até de darem-se as mãos, durante o Pai Nosso. Esta
prática não é obrigatória e nem universal, e sua aceitação pode variar. Se a
comunidade local ou a orientação diocesana permite que os fiéis levantem as
mãos, isso pode ser feito como um gesto de união e participação, desde que seja
feito com respeito e discernimento, lembrando sempre que o foco da oração está
na entrega confiante ao Pai. Em caso de dúvida, é sempre bom consultar o
sacerdote da paróquia ou o coordenador litúrgico.
Mãos juntas:
Representam recolhimento e fé. Mãos unidas significam oração e entrega a Deus, e esta posição é usada frequentemente pelos fiéis em momentos de oração, como no ato penitencial e no Pai-Nosso.
Silêncio:
O silêncio permite a interiorização dos mistérios da fé. Na Missa, o silêncio é fundamental para que possamos ouvir a voz de Deus no íntimo do coração. É recomendado:
-
Após as Leituras e a homilia, para meditar o que foi proclamado.
-
Após a comunhão, em agradecimento e contemplação (n. 45 do IGMR).
DICAS PARA AS CRIANÇAS:
Ensinar as crianças sobre como se comportar no templo é importante para que compreendam a reverência e o respeito que devemos ter na casa de Deus. Aqui estão algumas dicas simples que podem ser apresentadas de forma didática e amorosa para ajudá-las a desenvolver uma postura adequada:
1. Silêncio e Respeito ao Entrar:
-
A igreja é a casa de Deus, um lugar de oração e silêncio. Por isso, ao entrar
no templo, é importante manter o silêncio para que todos possam conversar com
Deus em seus corações.
- Evite correr, brincar ou fazer barulho dentro da igreja. Esses comportamentos podem atrapalhar quem está rezando.
2. Gesto de Respeito ao Chegar:
-
Todos devem fazer o sinal da cruz com água benta ao entrar, como um sinal de
purificação e de lembrança do batismo. (Se não houver água benta, fazer o sinal
somente).
- Mostre como fazer uma genuflexão ou uma inclinação diante do altar ou do sacrário, como sinal de respeito a Jesus presente na Eucaristia.
3. Postura e Atenção durante a Missa:
-
Ficar em pé, sentado ou ajoelhado nos momentos certos mostra que estamos
participando da Missa e respeitando o momento sagrado.
-
Prestar atenção nas leituras e na homilia, mesmo que às vezes pareça difícil. É
uma oportunidade de aprender mais sobre Deus e o amor de Jesus.
-
Precisamos responder às orações e cânticos junto com a assembleia, participando
com alegria. Se tiver jornalzinho, acompanhar por ele.
4. Evitar Comer e Beber na Igreja:
- Salvo em casos de necessidade, como água para crianças pequenas, evite levar alimentos ou bebidas ao templo. O templo é um lugar especial, diferente de outros lugares, onde nos preparamos para receber Jesus de um modo espiritual.
5. Vestir-se de Forma Apropriada:
- O modo de vestir também demonstra respeito. Incentive as crianças a vestir-se de maneira confortável e adequada, como fariam em um lugar importante.
6. Momento de Oração Pessoal:
- Encoraje as crianças a fazer uma oração pessoal ao entrar, pedindo a Deus que as ajude a ouvir e aprender. Isso as ajudará a concentrar-se e a criar um momento especial de encontro com Jesus.
7. Atenção durante a Comunhão:
-
Para as crianças que já receberam a Primeira Comunhão, lembre da importância de
aproximar-se do altar com respeito, fazendo uma pequena inclinação e recebendo
a Eucaristia com amor e atenção.
- Para quem ainda não comunga, observe com atenção na comunhão das outras pessoas para aprender. Caso as pessoas façam de um jeito “diferente”, comente com a catequista depois no encontro.
8. Momento de Despedida:
- Antes de sair, ensine-as a fazer uma última
oração em agradecimento, despedindo-se de Jesus e pedindo que Ele as acompanhe
no dia a dia. Isso reforça o entendimento de que a igreja é um lugar sagrado.
- Fazer o sinal da Cruz antes de virar-se para sair.
Conselho aos Catequistas:
É importante lembrar que essas orientações devem ser transmitidas com carinho e flexibilidade. O objetivo não é fazer com que as crianças se sintam reprimidas ou com medo, mas sim ajudá-las a entender e valorizar o respeito pelo ambiente sagrado.
A maneira como essas regras são colocadas pode fazer toda a diferença: se for algo leve e natural, as crianças vão absorver aos poucos e com alegria. Mas se forem ensinadas de forma muito rígida, corremos o risco de causar medo ou desconforto, o que pode resultar em rejeição futura à Missa e à própria fé.
Assim, incentive as crianças a serem elas mesmas, a sentirem-se acolhidas e a aprenderem no seu próprio ritmo. Criar um ambiente onde possam fazer perguntas, expressar-se e entender os valores da fé com naturalidade é a chave para uma formação verdadeira e duradoura.
Conclusão:
Cada gesto realizado durante a Missa é uma expressão da nossa fé e da nossa disposição interior para o encontro com Deus. Que possamos viver esses momentos com reverência e devoção, compreendendo a profundidade de cada gesto.
Esse texto sobre comportamento na missa com orientações para crianças contém algumas informações que são comumente ensinadas em materiais catequéticos e guias paroquiais, então é possível encontrar fontes e referências em livros, catecismos e sites catequéticos.
O Diretório para a Catequese (2020), oferece diretrizes para a catequese, abordando a importância de ensinar atitudes respeitosas na missa e incentivando uma pedagogia acolhedora e afetuosa com as crianças. A introdução e as seções iniciais discutem bastante a formação de valores e respeito na prática litúrgica. Alguns itens relacionados à Liturgia: 74 b, 81, 95-96, 98, 144, 353 d (DpC, 2020).
Livros Catequéticos e Manuais Paroquiais, oferecidos por editoras católicas (Paulinas, Paulus, Loyola, Ave Maria, etc.), podem trazer esses pontos em uma linguagem simples para as crianças. Eles geralmente detalham comportamentos adequados na missa, o sinal da cruz, a importância de participar ativamente, e respeito à Eucaristia.
Artigos de Sites Catequéticos e Dioceses. Sites como "Catequistas em Formação," "Canção Nova," ou páginas oficiais de dioceses podem ter artigos e orientações para catequistas que reforçam esses mesmos pontos, inclusive com ênfase em ensinar as crianças sobre silêncio, respeito e participação na missa. Esses sites geralmente contêm textos sobre liturgia e catequese de forma acessível.
Ângela Rocha - Catequista e Formadora.
FONTES DE PESQUISA:
ARAUJO, João. Gestos e posições do corpo na Liturgia. Disponível em https://www.joaodearaujo.com.br/default.asp?pag=p000087. Acesso em 04 novembro 2024.
CÉSAR, Danilo. Gestos e posições do corpo na missa. 17/09/2014. Disponível em https://arquidiocesebh.org.br/noticias/gestos-e-posicoes-do-corpo-na-missa/ . Acesso 04 novembro 2024.
CONCILIO VATICANO II . Constituição Sacrosanctum Concilium. A Sagrada Liturgia. 4 dezembro 1963. Edição popular comemorativa dos 40 anos do 1º documento do Concílio. Brasília: CNBB, 2002.
CONSELHO PARA A EXECUÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DA SAGRADA LITURGIA. Indice Geral Missal Romano - IGMR. Tradução portuguesa da 3.ª edição típica latina, publicada pelo SNL. Gráfica de Coimbra, 2003.
PAULO
VI. Carta Encíclica Mysterium fidei. Sobre o culto
da Sagrada Eucaristia. 3 setembro 1965. Disponível em https://www.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_03091965_mysterium.html
Acesso em 04 novembro 2024.
ROCHA, Ângela. A Missa: gestos e posições. 22/09/2022. Disponível em https://www.catequistasemformacao.com/2022/09/a-missa-gestos-e-posicoes.html . Acesso 04 de novembro 2024.
Instrução
Geral do Missal Romano, nn. 42-44,
Os
gestos e atitudes corporais
42.
Os gestos e as atitudes corporais, tanto do sacerdote, do diácono e dos
ministros, como do povo, visam conseguir que toda a celebração seja bela e de
nobre simplicidade, que se compreenda a significação verdadeira e plena das
suas diversas partes e que se facilite a participação de todos. Para isso deve
atender-se ao que está definido por esta Instrução geral e pela tradição do
Rito romano, e ao que concorre para o bem comum espiritual do povo de Deus,
mais do que à inclinação ou arbítrio particular. A atitude comum do corpo, que
todos os participantes na celebração devem observar, é sinal de unidade dos
membros da comunidade cristã reunidos para a sagrada Liturgia: exprime e
favorece os sentimentos e a atitude interior dos participantes.
43.
Os fiéis estão de pé: desde o início do cântico de entrada, ou enquanto
o sacerdote se encaminha para o altar, até à oração da coleta, inclusive;
durante o cântico do Aleluia que precede o Evangelho; durante a proclamação do
Evangelho; durante a profissão de fé e a oração universal; e desde o convite
“Orai, irmãos”, antes da oração sobre as oblatas, até ao fim da Missa, exceto nos
momentos adiante indicados. Estão sentados: durante as leituras que
precedem o Evangelho e durante o salmo responsorial; durante a homilia e
durante a preparação dos dons ao ofertório; e, se for oportuno, durante o
silêncio sagrado depois da Comunhão. Estão de joelhos durante a
consagração, exceto se razões de saúde, a estreiteza do lugar, o grande número
dos presentes ou outros motivos razoáveis a isso obstarem. Aqueles, porém, que
não estão de joelhos durante a consagração, fazem uma inclinação profunda
enquanto o sacerdote genuflecte após a consagração. Compete, todavia, às
Conferências Episcopais, segundo as normas do direito, adaptar à mentalidade e
tradições razoáveis dos povos os gestos e atitudes indicados no Ordinário da
Missa. Atenda-se, porém, a que estejam de acordo com o sentido e o carácter de
cada uma das partes da celebração. Mantenha-se louvavelmente, onde o haja, o
costume de o povo permanecer de joelhos desde o fim da aclamação do Sanctus
até ao fim da Oração eucarística, e antes da Comunhão, quando o sacerdote diz
Eis o Cordeiro de Deus. Para se conseguir a uniformidade nos gestos e
atitudes do corpo na mesma celebração, os fiéis devem obedecer às indicações
que, no decurso da mesma, lhes forem dadas pelo diácono, por um ministro leigo
ou pelo sacerdote, de acordo com o que está estabelecido no Missal.
44.
Entre os gestos contam-se também as ações e as procissões do sacerdote ao
dirigir-se para o altar com o diácono e os ministros; do diácono, antes da
proclamação do Evangelho, ao levar o Evangeliário ou Livro dos evangelhos para
o ambão; dos fiéis ao levarem os dons e ao aproximarem- -se para a Comunhão.
Convém que estas ações e procissões se realizem com decoro, enquanto se
executam os cânticos respectivos, segundo as normas estabelecidas para cada
caso.
O silêncio
45.
Também se deve guardar, nos momentos próprios, o silêncio sagrado, como parte
da celebração. A natureza deste silêncio depende do momento em que ele é
observado no decurso da celebração. Assim, no ato penitencial e a seguir ao
convite à oração, o silêncio destina-se ao recolhimento interior; a seguir às
leituras ou à homilia, é para uma breve meditação sobre o que se ouviu; depois
da Comunhão, favorece a oração interior de louvor e ação de graças. Já antes da
própria celebração é louvável observar o silêncio na igreja, na sacristia, no
vestiário e nos lugares que lhes ficam mais próximos, para que todos se
disponham com devoção e devidamente para celebrar os ritos sagrados.
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