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sexta-feira, 29 de novembro de 2024

FALTA CATEQUISTA OU FALTA EVANGELIZAÇÃO?

* Este texto foi escrito originalmente em 2016, será que mudou alguma coisa?

Parece que cada vez mais, diminui o número de catequistas nas paróquias. Será que está diminuindo também o número de catequizandos?

Se formos pelas estatísticas do número de católicos no mundo, o número deveria diminuir na mesma escala. Mas parece que não é o que acontece. Mesmo com a queda de 73,6% para 64,6% no percentual de brasileiros que se declaram seguidores da religião católica nos últimos dez anos, parece que ainda temos muitas famílias procurando catequese para seus filhos. Há que se louvar isso, no entanto, estamos com sérios problemas quanto a novas “vocações” e chamados para a missão de catequizar. Faltam catequistas para tantas crianças.

Por que será que tem tantas crianças para evangelizar e tão poucos evangelizadores? A gente encontra catequistas com turmas de até 40 catequizandos.

Vamos só fazer umas contas...

Quarenta crianças representam pelo menos mais 80 adultos (pai e mãe), isso contando só quem tem filho na catequese. E nenhuma destas pessoas se importa que a pobre da catequista tenha que evangelizar 40 crianças de uma vez?

Vamos estender nossas contas. A catequese é feita por “etapas” que são distribuídas em anos. Mesmo considerando o menor tempo possível, ainda assim teríamos pelo menos mais uma turma de Crisma: Mais quarenta crianças, mais 80 pais. Vamos considerar então que esta é uma comunidade pequena. Se assim for, ela deveria ser bem mais “unida”. Pequenos grupos tendem a ter um grau maior de solidariedade.

Observa-se então que entre a comunidade catequética, constituída por pelo menos 160 pessoas, só DUAS são catequistas. Neste meu exemplo parece que não existe lá muita solidariedade. Vamos, então, fazer algumas reflexões:

·        Todos estão tão afastados da Igreja assim, a ponto de não se incomodarem? 

·        Se querem catequese para os filhos, que no futuro farão parte da comunidade, por que não se incomodam com a comunidade?

·        Eles querem iniciação à vida cristã ou só sacramento?

·        E as outras pessoas da comunidade?

·        Que comunidade é essa que deixa isso acontecer?

·        Será que estas pessoas "estão" mesmo na comunidade?

Ah! Falta espaço para acomodar mais turmas... 

·       - Que comunidade é essa que tem tudo isso de catequizando e não tem "espaço"?

·          - Se uma comunidade não tem catequistas é uma comunidade que falha em ser missionária.

·   É uma comunidade que não cumpre seu papel de "comunidade".

É uma comunidade que aceita inscrições na catequese para formar quem, em que?

Certamente não está formando cristãos conscientes do seu papel! Porque, se estivesse, teria mais gente para trabalhar... De que adianta essa catequese que só se preocupa em "dar" sacramento?

CONCLUSÃO: 

Ninguém volta mais para a Igreja para trabalhar pela evangelização quando não é “evangelizado”!

Acho que não é hora de aceitar inscrição e mais inscrição só porque "não dá pra recusar". Aceita sim, mas pensa numa forma de resolver o problema da falta de catequista! É hora de sentar com o padre e a coordenação e pensar numa maneira de resolver esse problema.

Porque, se a cada ano, diminui o número de catequistas é porque a catequese está se mostrando ineficiente em realmente EVANGELIZAR! Nem sempre quem é catequizado é evangelizado. Temos muita gente por aí com "diploma" de sacramento que não assume seu papel de cristão.

E é isso que algumas comunidades estão fazendo:  dando "certificado" de conclusão de cursinho. 

Não estão evangelizando! É tanta criança com tão pouco catequista. E quando tem catequista, este é pego “a laço” e sem formação alguma e acaba desanimando e abandonando a missão no primeiro ano. Ao invés de pensar numa catequese de qualidade, estão pensando numa catequese “de massa” que, visivelmente, não resolve o problema da falta de agentes para a pastoral.

Olha, podem me dar os exemplos que quiserem, mas acho muito difícil, uma só pessoa, um só catequista, num ano, em 35 ou 40 encontros de 2 horas (às vezes nem isso), evangelizar 40 crianças. Nem Jesus fez isso! Ele tinha 12. Doze!! Que ficaram três anos com Ele, todas as horas e todos os dias.

E estes 12 foram tão bem "evangelizados" que espalharam a Sua Igreja para o mundo inteiro, espalharam tão bem a sua mensagem que hoje, esta Igreja tem quase dois bilhões de pessoas. E a proporção já foi muito maior!

Pois é, Jesus e seus discípulos fizeram uma Igreja maravilhosa... que agora estamos colaborando para acabar com essa nossa pose de “Ah! Eu posso!”.

Pode coisa nenhuma! Se “pudesse” a Igreja estaria cheia de catequistas.

Uma coisa é certa, quanto mais crianças você achar que “pode” evangelizar, menos voltarão para ficar no seu lugar. Turmas ideais têm doze crianças. Quinze no máximo. “Ah! Não dá, se eu não aceitar não tem outra pessoa!” 

Isso, não é problema seu, é problema das lideranças pastorais. O seu é fazer um bom trabalho, é atingir suas doze crianças e seus vinte e quatro pais. Portanto, você já tem 36 catequizandos para cuidar!


Ângela Rocha - Catequista e Formadora

Graduada em Teologia pela PUCPR

 

Comentários: 

Catequista disse... ÂNGELA, acho que é a falta de catequista que queira se comprometer totalmente com a catequese (de ir ao retiro, a uma formação de catequista, ser presença nas atividades na igreja, etc.). Sei que temos catequistas casadas e que tem filhos, mas, quando entram na catequese, sabem que temos que evangelizar e se evangelizar. Sou casada, tenho filhos, meu marido é de igreja, sou coordenadora, mas, organizo minha vida. Aí eu pergunto: o que fazer? 

Ângela Rocha disse... É aquela história: quem quer fazer arruma um jeito, quem não quer, arruma desculpa. E se a maioria não se compromete, é porque não é exigido delas(es), este comprometimento. Um coordenador que começa a aceitar catequistas sem formação, "porque não tem outro para pôr no lugar", já começa errado. Um coordenador que vai enchendo as salas de crianças, sabendo que não tem catequista, também começa mal. Se essa é a realidade da paróquia, é hora de parar, formar catequistas e depois formar turmas de catequese. E o pároco precisa estar bem consciente disse, afinal ele é o “primeiro catequista” da paróquia. Conheço muitas heroínas por aí, catequistas que dizem que conseguem catequizar 40 crianças de uma vez. Pode até ser, mas, no mundo de hoje? Sem envolver as famílias? É quase certo que não terá vocações futuras, pois, a evangelização não será eficaz!

 


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