* Este texto foi escrito originalmente em 2016, será que mudou alguma coisa?
Parece que cada vez
mais, diminui o número de catequistas nas paróquias. Será que está diminuindo
também o número de catequizandos?
Se formos pelas
estatísticas do número de católicos no mundo, o número deveria diminuir na
mesma escala. Mas parece que não é o que acontece. Mesmo com a queda de 73,6%
para 64,6% no percentual de brasileiros que se declaram seguidores da religião
católica nos últimos dez anos, parece que ainda temos muitas famílias
procurando catequese para seus filhos. Há que se louvar isso, no entanto,
estamos com sérios problemas quanto a novas “vocações” e chamados para a missão
de catequizar. Faltam catequistas para tantas crianças.
Por que será que tem
tantas crianças para evangelizar e tão poucos evangelizadores? A gente encontra
catequistas com turmas de até 40 catequizandos.
Vamos só fazer umas
contas...
Quarenta crianças
representam pelo menos mais 80 adultos (pai e mãe), isso contando só quem tem
filho na catequese. E nenhuma destas pessoas se importa que a pobre da
catequista tenha que evangelizar 40 crianças de uma vez?
Vamos estender
nossas contas. A catequese é feita por “etapas” que são distribuídas em
anos. Mesmo considerando o menor tempo possível, ainda assim teríamos pelo
menos mais uma turma de Crisma: Mais quarenta crianças, mais 80 pais. Vamos
considerar então que esta é uma comunidade pequena. Se assim for, ela deveria
ser bem mais “unida”. Pequenos grupos tendem a ter um grau maior de
solidariedade.
Observa-se então que
entre a comunidade catequética, constituída por pelo menos 160 pessoas, só DUAS
são catequistas. Neste meu exemplo parece que não existe lá muita
solidariedade. Vamos, então, fazer algumas reflexões:
·
Todos estão tão afastados da Igreja
assim, a ponto de não se incomodarem?
·
Se querem catequese para os filhos,
que no futuro farão parte da comunidade, por que não se incomodam com a
comunidade?
·
Eles querem iniciação à vida cristã
ou só sacramento?
·
E as outras pessoas da comunidade?
·
Que comunidade é essa que deixa isso
acontecer?
·
Será que estas pessoas
"estão" mesmo na comunidade?
Ah! Falta espaço para acomodar mais turmas...
· - Que comunidade é essa que tem tudo
isso de catequizando e não tem "espaço"?
· - Se uma comunidade não tem catequistas
é uma comunidade que falha em ser missionária.
· É uma comunidade que não cumpre seu
papel de "comunidade".
É uma comunidade que
aceita inscrições na catequese para formar quem, em que?
Certamente não está
formando cristãos conscientes do seu papel! Porque, se estivesse, teria
mais gente para trabalhar... De que adianta essa catequese que só se preocupa
em "dar" sacramento?
CONCLUSÃO:
Ninguém volta mais para
a Igreja para trabalhar pela evangelização quando não é “evangelizado”!
Acho que não é hora
de aceitar inscrição e mais inscrição só porque "não dá pra recusar".
Aceita sim, mas pensa numa forma de resolver o problema da falta de catequista!
É hora de sentar com o padre e a coordenação e pensar numa maneira de resolver
esse problema.
Porque, se a cada
ano, diminui o número de catequistas é porque a catequese está se mostrando
ineficiente em realmente EVANGELIZAR! Nem sempre quem é catequizado é
evangelizado. Temos muita gente por aí com "diploma" de sacramento
que não assume seu papel de cristão.
E é isso que algumas
comunidades estão fazendo: dando "certificado" de
conclusão de cursinho.
Não estão
evangelizando! É tanta criança com tão pouco
catequista. E quando tem catequista, este é pego “a laço” e sem formação alguma
e acaba desanimando e abandonando a missão no primeiro ano. Ao invés de pensar
numa catequese de qualidade, estão pensando numa catequese “de massa” que,
visivelmente, não resolve o problema da falta de agentes para a pastoral.
Olha, podem me dar
os exemplos que quiserem, mas acho muito difícil, uma só pessoa, um só
catequista, num ano, em 35 ou 40 encontros de 2 horas (às vezes nem isso),
evangelizar 40 crianças. Nem Jesus fez isso! Ele tinha 12. Doze!! Que ficaram
três anos com Ele, todas as horas e todos os dias.
E estes 12 foram tão
bem "evangelizados" que espalharam a Sua Igreja para o mundo inteiro,
espalharam tão bem a sua mensagem que hoje, esta Igreja tem quase dois bilhões
de pessoas. E a proporção já foi muito maior!
Pois é, Jesus e seus
discípulos fizeram uma Igreja maravilhosa... que agora estamos colaborando para
acabar com essa nossa pose de “Ah! Eu posso!”.
Pode coisa nenhuma!
Se “pudesse” a Igreja estaria cheia de catequistas.
Uma coisa é certa,
quanto mais crianças você achar que “pode” evangelizar, menos voltarão para
ficar no seu lugar. Turmas ideais têm doze crianças. Quinze no máximo. “Ah!
Não dá, se eu não aceitar não tem outra pessoa!”
Isso, não é problema
seu, é problema das lideranças pastorais. O seu é fazer um bom trabalho, é
atingir suas doze crianças e seus vinte e quatro pais. Portanto, você já tem 36
catequizandos para cuidar!
Ângela Rocha - Catequista e Formadora
Graduada em Teologia pela PUCPR
Comentários:
Catequista disse... ÂNGELA, acho
que é a falta de catequista que queira se comprometer totalmente com a
catequese (de ir ao retiro, a uma formação de catequista, ser presença nas
atividades na igreja, etc.). Sei que temos catequistas casadas e que tem
filhos, mas, quando entram na catequese, sabem que temos que evangelizar e se
evangelizar. Sou casada, tenho filhos, meu marido é de igreja, sou
coordenadora, mas, organizo minha vida. Aí eu pergunto: o que fazer?
Ângela Rocha disse... É aquela
história: quem quer fazer arruma um jeito, quem não quer, arruma desculpa.
E se a maioria não se compromete, é porque não é exigido delas(es), este
comprometimento. Um coordenador que começa a aceitar catequistas sem formação, "porque
não tem outro para pôr no lugar", já começa errado. Um coordenador que
vai enchendo as salas de crianças, sabendo que não tem catequista, também
começa mal. Se essa é a realidade da paróquia, é hora de parar, formar
catequistas e depois formar turmas de catequese. E o pároco precisa estar
bem consciente disse, afinal ele é o “primeiro catequista” da paróquia. Conheço
muitas heroínas por aí, catequistas que dizem que conseguem catequizar 40
crianças de uma vez. Pode até ser, mas, no mundo de hoje? Sem envolver as
famílias? É quase certo que não terá vocações futuras, pois, a evangelização
não será eficaz!
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